Rede D'Or quer avançar em medicina diagnóstica com a dona do laboratório CDB
Grupo que detém os hospitais São Luiz propôs realizar uma oferta pública de aquisição na Bolsa para comprar a Alliar; negócio pode girar mais de R$ 1,3 bilhão
Após reforçar seu caixa com mais de R$ 10 bilhões ao longo dos últimos meses, a Rede D'Or, dona de hospitais como D'Or e São Luiz, se prepara para realizar uma das maiores aquisições de sua história para ganhar força no setor de medicina diagnóstica. A companhia, construída do zero pelo médico cardiologista Jorge Moll Filho, anunciou a proposta para realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) para comprar o controle da Alliar, dona de 15 marcas, entre elas o laboratório CDB.
Se a companhia adquirir a totalidade das ações da Alliar, companhia que tem ações listadas na B3 desde 2016, a operação poderá girar até R$ 1,35 bilhão, marcando um dos principais movimentos da Rede D'Or, cuja história já é marcada por transações de fusões e aquisições (M&As, pela sigla em inglês). Se concretizada, essa será a sexta aquisição da companhia apenas neste ano.
As operações estão sendo suportadas pelos recursos levantados pela sua abertura de capital, que ocorreu há oito meses e garantiu mais de R$ 8 bilhões à empresa. Agressiva nas aquisições, a empresa voltou ao mercado antes de completar o primeiro aniversário da abertura de capital e colocou mais R$ 1,8 bilhão no caixa por meio de uma oferta subsequente, em maio; antes disso, realizara uma emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) de R$ 1,5 bilhão.
Estratégia de diversificação
Com a Alliar, a Rede D'Or conseguirá dar mais um passo rumo à diversificação de seu negócio. O grupo, por exemplo, já é dono de uma rede de clínicas oncológicas, que tem mais de 50 unidades espalhadas no País. Fora isso, é uma dos principais acionistas da corretora de planos de saúde Qualicorp - posição que também ampliou desde sua abertura de capital.
Ao colocar o setor de diagnósticos na mira, a D'Or passará a competir mais diretamente com a Dasa, dona do Delboni Auriemo e Fleury. Um fato relevante da Alliar, divulgado na semana passada, já indicou que os principais sócios chegaram a um acordo sobre a operação e decidiram que a oferta da D'Or é bem-vinda.
O fundo de private equity (que compra participação em empresas) Pátria, que fundou a Alliar há dez anos por meio da união de quatro laboratórios, e os fundadores do CDB, informaram ao mercado o fim do acordo de acionistas da empresa - liberando sua venda.
Tanto o Pátria quanto os médicos que fundaram a CDB poderão se desfazer do negócio ou manter a participação e seguir com um sócio de muito peso e muito capitalizado. A oferta da Rede D'Or pela Alliar está condicionada à compra de no mínimo 15% do capital da empresa, mas poderá chegar à totalidade, caso haja aderência de todos os acionistas da companhia.
Para o analista Leo Monteiro, da Ativa Investimentos, a compra da Alliar pode gerar mais capilaridade e diversificação para as receitas da Rede D'Or. "Essa aquisição ampliaria sua rede laboratorial, uma vez que a Alliar está presente em 42 cidades de 10 Estados, e possui mais de 100 equipamentos de ressonância magnética", comenta.
Máquina de aquisições
As aquisições fazem parte da agenda apresentada aos investidores no ano passado pela D'Or, no processo de IPO. A missão apresentada era que o gigante do setor de saúde dobraria seu tamanho em cinco anos. A missão prevê mais do que dobrar o total de leitos já existentes (8,5 mil). Só na compra do Hospital Biocor, de Minas Gerais, a empresa incorporou, de largada, 350 leitos.
Desde o IPO, as ações da companhia se valorizaram cerca de 27%, fazendo com que fosse avaliada em R$ 145 bilhões na Bolsa brasileira. "A empresa vem de um processo recente de capitalização, em que fortaleceu sua posição financeira e está pronta para atuar em oportunidades de crescimento, especialmente via fusões e aquisições", segundo relatório do Itaú BBA, que prevê alta de 20% nas ações da D'Or até o fim do ano.
As investidas da Rede D'Or, que já é líder do mercado de saúde privada no Brasil, têm como pano de fundo um dos momentos mais aquecidos do setor no Brasil. Uma das transações de maior peso, anunciada no início do ano, foi a fusão entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e Notredame Intermédica.
