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Redução de rombo nas contas públicas expõe Haddad a fogo amigo do PT; entenda

Promessas do ministro como reduzir o rombo das contas do governo e zerar o déficit em meados de 2024 estão por trás de ataques do partido à equipe econômica

28 fev 2023 - 05h11
(atualizado às 07h33)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento em Brasília
Foto: Wilton Júnior/Estadão / Estadão

A promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de reduzir o rombo das contas do governo para 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 (R$ 100 bilhões) e zerar o déficit em meados de 2024 está por trás do ataque do PT à equipe econômica.

O fogo amigo ganhou maior evidência com a bola da vez: a disputa política em torno da reoneração dos impostos federais sobre a gasolina, mas muito antes essa insatisfação já estava em ebulição e pôde ser observada nos grupos de WhatsApp de integrantes do partido.

Desde o anúncio do pacote fiscal pela equipe econômica, quando Haddad acenou com a reversão do déficit de R$ 231,5 bilhões para um superávit de R$ 11,1 bilhões, as críticas só vêm aumentando. Para a cúpula do PT e economistas ligados ao partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o risco de retração da atividade econômica, com a taxa Selic em 13,75% e uma crise de crédito à espreita, não há que se falar em reversão do déficit. Um compromisso assumido pelo ministro da Fazenda considerado equivocado pela ala política.

Na avaliação desse grupo, o ajuste fiscal tem de ser gradual, ao longo do mandato de Lula, após o novo governo conseguir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que aumentou os gastos em 2023. Nesse contexto, o foco principal é impedir a retração da economia e garantir um crescimento maior, que proporcionaria aumento da arrecadação e uma trajetória fiscal mais favorável. A visão é de que o governo pode conviver com déficits por mais tempo.

Com o pacote de ajuste, Haddad fez uma guinada de 180º nessa tendência, o que acabou melhorando a confiança do mercado na capacidade de o governo apresentar um novo arcabouço fiscal, mas desagregou o PT e ministros mais ideológicos do núcleo político. O ministro, na visão dos petistas, estaria se alinhado equivocadamente ao mercado e colocando a popularidade do presidente em risco, o que pode abrir espaço para a oposição da extrema direita.

Na esteira dessa pressão pública, que teve foco inicial no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e se estendeu a Haddad, o governo anunciou o aumento do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, o novo Minha Casa, Minha Vida e anuncia em breve o programa de negociação de dívidas, o Desenrola. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deixou claro a sua contrariedade ao se posicionar contra a reoneração dos combustíveis.

Guru

Os defensores do ajuste gradual têm agora como "guru" econômico André Lara Resende, um dos idealizadores do plano real e crítico feroz dos juros altos e da alegação de risco fiscal para manter a taxa Selic em 13,75% no Brasil. Para Lara Resende, o Brasil tem endividamento muito inferior a todos os países desenvolvidos, em linha com os países em desenvolvimento.

Inspiração para uma ala do PT que fustiga o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o economista André Lara Resende criticou, em artigo recente no jornal Valor Econômico, colegas e a imprensa por, segundo ele, "martelarem" o problema do déficit público e da insustentabilidade da dívida.

"Pasmem: houve um superávit de R$ 126 bilhões (em 2022), equivalente a 1,3% do PIB. A dívida pública bruta, aquela que os analistas insistem estar numa trajetória explosiva, caiu 1,1% em proporção do PIB, para 73,5%. Seria de se esperar que os arautos do abismo fiscal reconhecessem que, no mínimo, tinham exagerado o problema fiscal. Mas não, pelo contrário, voltaram com ênfase reforçada, impassíveis diante dos fatos e dos dados", escreveu Lara Resende, que tem sido citado no mercado como candidato à vaga de diretor de Política Monetária do Banco Central no lugar de Bruno Serra, cujo mandato vence hoje.

Esse ponto, porém, tem sido usado pelos aliados de Jair Bolsonaro como evidência de melhora das contas públicas e de que não há como o governo Lula falar em "herança maldita".

Estadão
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