Regulamentar sites de apostas é uma coisa boa, diz CEO da Better
Em entrevista exclusiva ao Terra, Simon Hovmand-Stilling fala sobre proposta de regulamentação do setor e do momento do mercado de apostas
O mercado de jogos e apostas online, conhecido como iGaming, tem crescido em todo o mundo. No Brasil, a tendência não é deferente. Desde o final de 2018, quando uma lei federal autorizou a atuação de sites de apostas no País, o setor passou a olhar para o potencial do mercado brasileiro, que já movimenta R$ 12 bilhões ao ano, segundo estimativas do setor.
Um exemplo é a chegada de um dos principais grupos de mídia esportiva digital do mundo por aqui, a Better Collective, companhia dinamarquesa, com 20 anos de experiência, que inaugurou o seu escritório no Rio de Janeiro, em abril deste ano, de olho nas oportunidades locais e regionais.
"Nós vemos a América do Sul como uma área de crescimento potencial. Não há dúvidas de que o Brasil é um mercado de grande potencial, além de ser o nosso foco principal na região", explica o CEO da Better Collective na América do Sul, Simon Hovmand-Stilling, em entrevista ao Terra.
Terence Gargantini, Country Manager da Better para o Brasil, informa que o grupo também está de olho no potencial de talentos brasileiros e diz que vai gerar empregos no País. "É uma empresa europeia com olhar diferente. É único e especial que eles pensem em incentivar os talentos locais", disse.
De olho nesse crescimento e potencial dos sites de apostas, governo federal e lideranças do Congresso Nacional já manifestaram o desejo de regulamentação do setor. O Ministério da Fazenda informou que o assunto é prioridade já que o mercado opera numa espécie de “vácuo legislativo”.
A lei 13.756/18, de dezembro de 2018, previa a regulamentação em até dois anos para que o governo criasse um regramento, porém, isso ainda não foi feito.
E qual o problema de um setor sem regulação? Além de o governo deixar de arrecadar impostos, o usuário do serviço fica sem proteção. Por isso, empresas como a Better Collective entendem a regulação como fundamental para um mercado ser sustentável.
“A regulação é uma coisa boa. Com a experiência do que já vimos na América do Norte e na Europa, é preciso encontrar um bom equilíbrio entre o regramento e um modo que permita os operadores trabalharem. Quando isso não acontece vemos o surgimento de mercados paralelos e pessoas sendo atraídas para esse nicho", analisa Simon.
Ele afirma que, no “mercado paralelo”, mesmo quando o usuário ganha a aposta, não há segurança de que irá receber o dinheiro. "Nós já vimos isso acontecer na Europa, por exemplo, e isso não é o interesse de ninguém. É como no ‘velho oeste’. Os usuários ficam sem segurança. É do nosso interesse nos livrar desses nichos e ver o dinheiro da taxação revertido para a sociedade", explica.
O governo brasileiro ainda estuda um modelo de regulamentação. A expectativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é que cobrança de impostos sobre o setor gere entre R$ 2 bilhões e R$ 6 bilhões por ano em arrecadação para o governo.
"O que tentamos trazer é uma experiência focada no usuário e levar transparência para o setor, guiando o usuário porque às vezes pode parecer uma selva. Quando o mercado não está regulado não são todos os operadores que se preocupam com o usuário", afirma o CEO da Better Collective, destacando que a empresa ainda oferece conteúdos, insights de dados, dicas de apostas e ferramentas educacionais para fãs de esportes em todo o mundo por meio das suas marcas.