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Reorganização das startups: como convencer investidores

Com taxas de juros mais atrativas, o empreendedor precisa trabalhar mais para mostrar que seu plano de negócios é lucrativo e vale o risco

5 jun 2023 - 06h00
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Foto: Ivars Krutainis / Unsplash

A crise econômica global está aí, junto de seus irrefreáveis efeitos. Com Estados Unidos pagando juros reais sobre os títulos de sua dívida e a Selic no Brasil oscilando há tempos em torno de 13% ao ano, o apetite ao risco, naturalmente, diminui.  E o segmento das startups, impulsionado no passado pelos fartos recursos dos investidores, sofre com a nova organização de prioridades.

Dados recentes do relatório Inside Venture Capital, da Distrito, uma plataforma que incentiva a cultura empreendedora, comprovam o desaquecimento nacional: no primeiro trimestre de 2023, houve uma redução de 86% no capital investido em startups brasileiras em relação ao mesmo período de 2022, com apenas 91 acordos assinados nos primeiros três meses do ano. Como Rodrigo Guerra, fundador do Unbox Project comenta, saímos da era dos unicórnios e chegamos à era dos camelos.

“O cenário macroeconômico global mudou e, consequentemente, o mercado de venture capital também foi bastante afetado. Com o dinheiro se tornando mais caro, os investidores precisam ser mais rigorosos ao avaliar se os fundadores e seus negócios são capazes de enfrentar tempos difíceis que a crise traz consigo. Em outras palavras, o momento faz com que os investidores se dediquem mais a entender os negócios de maneira mais profunda, avaliando métricas financeiras e operacionais, como a capacidade de gerar caixa no curto prazo, a eficiência de capital e as margens de lucro”, ilustra Eduardo Fuentes, head of research da Distrito.

“Estamos enfrentando um ciclo econômico de baixa, não somente no Brasil, mas no mundo todo. Isso faz com que todos os agentes do ecossistema de inovação passem por um período de ajustes nas operações. Mesmo assim, negócios que possuem boas métricas e um crescimento sustentável ainda devem ser capazes de levantar recursos”, diz Eduardo Fuentes, head of research da Distrito.

Com menos recursos disponíveis, empresas terão que ser mais diligentes ao utilizar capital, e isso pode afetar o tempo de desenvolvimento de novas soluções. “Por isso, é importante enfatizar que sempre que o mercado enfrenta ciclos de baixa, também se abrem oportunidades para que novas soluções surjam. Ao mesmo tempo, com a necessidade de maior foco dos empreendedores."

Novos tempos, mas um velho empreendedor

Com exceção do empreendedor que usa seus próprios recursos, os demais precisam mudar de mentalidade o quanto antes. “É preciso ter, desde o início do projeto, uma boa proposta de valor e um plano de negócios factível e viável, além de um fluxo de caixa que faça sentido”, resume Antônio André Neto, professor doutor e coordenador acadêmico do MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), completando: “O mais importante é que o investidor acredite tanto na ideia como no próprio empreendedor em si.”

Rodrigo Reis Oliveira, sócio de M&A da Deloitte Brasil, concorda e acrescenta que o modelo de negócio atual está sendo mais desafiado por causa da crise e, para sobreviver, as startups precisam justificar os critérios adotados em seus planos de negócio. “Com isso, o valuation diminui, mas não pela crise econômica em si, mas porque o nível de criticidade dos investidores aumentou”, acredita Oliveira.

Dicas para empreender em tempos de crise

  • • Tenha desde o início do projeto uma proposta de valor e um modelo de negócio muito claros, com um fluxo de caixa minimamente factível para que possa ser mostrado a um investidor.
  • • É comum que os investidores cheguem até o empreendedor por meio de indicações. Mas o primeiro passo para um negócio prosperar é o acesso a bons investidores e, novamente, um bom plano de negócios.
  • • Lembre-se sempre: o fato de uma empresa ganhar valor recebido, ou seja, escalar, não significa que esteja consolidada.
  • • Coloque-se sempre na posição do potencial cliente para se perguntar se ele está disposto mesmo a pagar pela sua solução. Esse é o tipo de maturidade que o investidor começa a pegar.
  • • Com dicas de Antônio André Neto, Professor Doutor Coordenador Acadêmico do MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Rodrigo Reis Oliveira, Sócio de M&A da Deloitte Brasil.

Enquanto uns choram…

…Outros vendem lenços, já dizia Nizan Guanaes. Por isso, antes de se perguntar quando os layoffs vão acabar talvez valha mais a pena compreender que justamente o avanço da tecnologia também está por trás de tal comportamento, como justifica André Neto: “É comum que no começo uma startup contrate bastante para desenvolver um software e, com o tempo, mande essa força de trabalho embora porque agora o sistema faz o trabalho em si. Assim, os profissionais de TI que estavam sobrevalorizados, de repente, vêem que as vagas começam a desaparecer à medida que seus trabalhos se completam. Isso porque o que eles fazem é o meio e não o fim em si”, sintetiza.

(*) Renata Armas é redatora do Unbox Project, programa de desenvolvimento de carreira que conecta líderes de negócios, entidades auto-organizadas e empresas com metas de ESG para destravar a inovação e a economia sustentável. Como parte de sua missão de "desencaixotar o pensamento crítico que deve(ria) anteceder a inovação", tem produção de conteúdo recorrente no site unbox.dev.br e na seção Homework, do portal Terra.

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