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Governo não decidiu o que fará com recursos da repatriação

28 out 2016 - 09h40
(atualizado às 09h40)
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Só no fim de novembro será divulgada destinação do dinheiro da repatriação, diz Ana Paula Vescovi,  secretária  do  Tesouro    
Só no fim de novembro será divulgada destinação do dinheiro da repatriação, diz Ana Paula Vescovi, secretária do Tesouro
Foto: Agência Brasil

Com arrecadação de R$ 45,8 bilhões até agora, o programa de regularização de ativos no exterior, também conhecido como repatriação, está gerando uma fonte extra de caixa para o governo, disse hoje (27) a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. A secretária ressaltou, porém, que a equipe econômica ainda não decidiu o que fará com esses recursos.

Segundo Ana Paula, o governo tem três opções para a arrecadação extra: quitar restos a pagar (verbas autorizadas em anos anteriores, mas ainda não gastas), economizar o dinheiro para fazer frente a riscos fiscais (como frustração de receitas e alta de despesas obrigatórias) e usar esses recursos para pagar os juros da dívida pública e reduzir a meta de déficit primário de R$ 170,5 bilhões para este ano.

O déficit primário é o resultado negativo das contas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública. Somente no fim de novembro, informou a secretária, o governo divulgará a destinação do dinheiro da repatriação.

A programação orçamentária do governo consta do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, documento divulgado a cada dois meses pelo Ministério do Planejamento. A última versão do relatório, publicada no fim de setembro, incorporava a entrada de R$ 6,2 bilhões do programa de repatriação no caixa do governo até aquele momento.

Originalmente, o governo estimava obter R$ 50 bilhões com a repatriação, dos quais cerca de um quarto, referente ao pagamento de Imposto de Renda, será compartilhado com estados e municípios. A previsão, no entanto, não estava incorporada ao último relatório do Ministério do Planejamento.

"À medida que o Tesouro Nacional perceber a entrada líquida de caixa, após as transferências para os estados e municípios, revisará a programação orçamentária no relatório de novembro. A próxima programação considerará totalidade dos recursos da repatriação", disse Ana Paula.

Restos a pagar

Caso o governo opte por usar os recursos extras obtidos com a repatriação para quitar restos a pagar, a secretária explicou que a elevação dos gastos não terá impacto nas despesas públicas em 2017, caso o Senado aprove a proposta de emenda à Constituição que limita os gastos federais (PEC 241). Pela  proposta, em tese, o aumento dos gastos em 2016 elevará o teto constitucional para 2017, que será corrigido em 7,2% em relação a este ano.

Apesar de o teto subir com a execução dos restos a pagar, Ana Paula esclareceu que o Orçamento enviado ao Congresso em agosto não permite que o teto maior se reflita em mais gastos para o próximo ano. Ela destacou que a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões para 2017 impede que os restos a pagar impactem as despesas no ano que vem.

"A repatriação é uma receita extraordinária, que não se repetirá em 2017 e não tem condições de sancionar aumento permanente de despesas. Esse é o cuidado que temos de ter. O orçamento do próximo ano leva em conta tanto o teto de gastos estabelecido pela PEC como o cumprimento da meta fiscal de resultado negativo de R$ 139 bilhões. A execução de restos a pagar muda a base de despesa, mas não muda a base das receitas para o próximo ano", concluiu a secretária.

Agência Brasil Agência Brasil
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