Se governo furar teto de gastos, terá de explicar, diz FHC
Ex-presidente ainda afirma que é possível gastar sem causar uma reação muito negativa no mercado
O ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso disse ao Estadão que não defende furar o teto de gastos, mas que a circunstâncias podem levar a isso. "Nesse caso, é melhor explicar o motivo e tentar sempre não dar a impressão de que se quer um mero afrouxamento", afirmou, por meio da assessoria da fundação que leva o seu nome.
Para FHC, é preciso explicar o que pode levar a não respeitar, eventualmente, a regra constitucional que começou a vigorar em 2017. "Entre deixar o povo sem dinheiro para comida e gastar, justifica-se abrir o cofre, isso é, endividar-se. Mas não por mera gastança", recomendou.
O posicionamento do ex-presidente, manifestado em artigo publicado no Estadão no fim de semana, surpreendeu e tem sido usado como referência para os que defendem que o Renda Cidadã fique fora do teto. No artigo, Fernando Henrique diz que o governo poderia mexer na regra para, ao mesmo tempo, abrir espaço orçamentário para o gasto e não provocar uma reação muito negativa do mercado.
Para o ex-presidente, o pior que pode ocorrer é a irresponsabilidade, ou seja uma quebra desorganizada do teto. "Já vimos este filme e sabemos que não dá em coisa boa."