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Selic é mantida a 13,75% pela 5ª vez seguida; veja como afeta poupança e outros investimentos

Decisão confirma estabilidade da taxa básica de juros da economia brasileira; expectativa é que indicador tenha queda no segundo semestre

22 mar 2023 - 18h36
(atualizado às 18h39)
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Sede do Banco Central; autarquia divulgou ata da reunião do Copom que decidiu por manter a Selic no mesmo patamar
Sede do Banco Central; autarquia divulgou ata da reunião do Copom que decidiu por manter a Selic no mesmo patamar
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão

A Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, foi mantida no patamar de 13,75% ao ano pela quinta vez seguida, confirmando as expectativas do mercado financeiro. O anúncio foi feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira, 22.

A cada 45 dias, o Copom define se a taxa básica de juros da economia irá diminuir, aumentar ou seguir no mesmo patamar. A Selic segue fixada no mesmo valor desde agosto do ano passado. Para a manutenção da taxa, o BC se baseou em um conjunto de indicadores da atividade econômica que "corroboram para um cenário de desaceleração".

"A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente", diz em nota.

Crítico do valor do índice, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista recente, que irá "continuar batendo" na taxa de juros e "brigando" por sua redução para que, segundo ele, "a economia possa voltar a ter investimentos".

Isso porque um ciclo de alta da Selic indica que o cenário econômico brasileiro está instável, com preços altos no mercado. O objetivo é o de desacelerar a economia desestimulando o consumo, já que a Selic é considerada a "taxa-mãe" da economia, e serve como parâmetro para os juros cobrados pelos bancos, por exemplo.

Baixar a taxa seria irresponsabilidade, diz especialista 

Ao Terra, Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio da RJ+ Investimentos, acredita que o Copom tem espaço para baixar juros futuramente, mas não com a pressão que o governo tem feito em cima do Banco Central e de seu presidente, Roberto Campos Neto.

Monsanto lembra que a Selic segue alta por causa da inflação. "É o famoso remédio amargo para combatê-la", definiu. 

"Essa manutenção significa, na minha leitura, que o Copom não pode simplesmente baixar os juros por estarmos em um momento de troca de governo e pelo fato de, até o momento, o governo não trouxe sinais claros de que tem responsabilidade fiscal", afirmou, citando, como exemplo, o plano de uma nova regra fiscal que ainda não foi tornado público. "[O ministro da Economia Fernando] Haddad entregou uma proposta para Lula na sexta-feira passada, mas não sabemos números, detalhes, nem sabemos se é uma proposta crível, que vai reduzir o grau de incerteza do mercado em relação à saúde fiscal e contas públicas. O mercado não gosta de incertezas, ele não sabe trabalhar com isso, e ainda há muitas incertezas, principalmente com relação à responsabilidade fiscal".

"Seria, portanto, uma irresponsabilidade do BC em mexer na taxa de juros. A Selic está cara, o que torna o acesso ao dinheiro mais caro, e baratear os juros destravaria a economia, mas também geraria inflação e poderia entrar em um ciclo vicioso", alerta.

O especialista, porém, acredita que possa ocorrer uma redução progressiva da Selic nas próximas reuniões do Copom a depender do que o governo apresentar sobre a nova regra fiscal. "Se apresentarem algo crível, conveniente que trouxer a tranquilidade que se espera, aí sim, na próxima reunião deve começar a baixar", aposta.

Poupança e outros investimentos

O Terra usou simuladores da Yubb e da Mobills como uma referência de como ficam investimentos em renda fixa, como a popular poupança, com a manutenção da Selic.

Para a simulação, foi utilizado o valor de R$ 100 em um período de 12 meses (um ano). Confira:

Poupança

Valor aplicado: R$ 100

Lucro bruto: R$ 9,26

Total em um ano: R$ 109,26

Tesouro Selic

Valor aplicado: R$ 100

Lucro bruto: R$ 13,75

Total em um ano: R$ 113,75

Média de CDBs*

Valor aplicado: R$ 100

Lucro bruto: R$ 15,02

Total em um ano: R$ 115,02

Importante: Os valores não são exatos, apenas uma referência. O rendimento de CDB [Certificados de Depósito Bancário] varia muito de banco para banco.*Usamos, como referência, CDBs que pagam 110% do CDI [Certificado de Depósito Interbancário]. As rentabilidades, além disso, podem sofrer alterações mensais.

O que é a taxa Selic e para que ela serve?

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Por influenciar todas as taxas de juros do País, a Selic pode ter um peso no bolso do consumidor quando se trata de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A sigla Selic vem de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, no qual o Banco Central opera diariamente na emissão, compra e venda de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional.

A taxa de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Na prática, funciona assim: quando o IPCA, o indicador oficial de inflação do Brasil, está em um nível muito alto, o BC sobe os juros, para tornar o crédito mais caro e desincentivar o consumo. Com menos pessoas consumindo, a tendência é os preços se acomodarem. No cenário oposto, se a inflação estiver em níveis baixos, o BC reduz os juros para estimular o consumo e, consequentemente, a economia.

Como a Selic é definida?

A taxa de básica de juros é determinada a cada 45 dias em encontros a portas fechadas do Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central, desde 1996. Fazem parte do Copom o presidente e os oito diretores do BC. A definição da taxa leva em conta principalmente a inflação, mas também fatores como taxa de câmbio, importações e exportações, e a atividade e a perspectiva de crescimento econômico do País. Os membros do colegiado utilizam modelos matemáticos específicos para estabelecer os rumos da taxa.

O que é a meta de inflação e como ela é definida?

Vários países adotam o sistema de metas de inflação. No Brasil, ele foi introduzido em 1999. Neste sistema, os BCs atuam para que a inflação fique dentro dos limites de um alvo predefinido. No caso do Brasil para 2023, por exemplo, a meta é 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Ou seja, entre 1,75% e 4,75%. A meta brasileira é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo presidente do BC e pelos ministros da Fazenda e do Planejamento. O objetivo é determinar um índice que, ao mesmo tempo, mantenha a economia ativa sem prejudicar o poder de compra da população. Quando a inflação corrente e as expectativas ficam acima da meta, o BC atua para esfriar a demanda, elevando a taxa Selic. Quando estão abaixo da meta, o BC atua para estimular a demanda, reduzindo os juros. (Com Estadão Conteúdo)

Fonte: Redação Terra
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