Servidor 'caça' sorteados da Nota Fiscal Paulista e entrega R$ 7,2 milhões em prêmios
Auditor fiscal de Marília (SP) sai em busca dos ganhadores com o grande desafio de convencê-los de que não se trata de golpe
Há alguns meses, a missão do auditor da Secretaria da Fazenda e Planejamento em Marília (SP), Jair Rosa, é encontrar premiados pela Nota Fiscal Paulista que não resgataram seus prêmios. Seu maior desafio, porém, é fazer com que as pessoas acreditem que o contato não se trata de uma tentativa de golpe.
O programa do governo estadual devolve um percentual do valor gasto pelo contribuinte que pede a Nota Fiscal Paulista. Os inscritos também concorrem a valores sorteados de até R$ 1 milhão.
A história de Jair Rosa foi mostrada na afiliada da Globo em Marília, TV Tem. Até agora, foi por causa dele que 36 pessoas que não sabiam que tinham sido sorteadas receberam R$ 7,2 milhões no total.
Busca incessante
Em muitos casos, o cadastro dos ganhadores está desatualizado. É aí que Jair entra, procurando por dados em diversos sistemas públicos e até consultando pelo Google para localizar os felizardos.
Ele contou na reportagem que já conseguiu contatar ganhadores pelo WhatsApp, e-mail, carta e até ligando em estabelecimentos comerciais próximos de endereços relacionados aos ganhadores. Tudo isso para evitar que os prêmios expirem, o que acontece após cinco anos.
"Teve um senhor que foi premiado com R$ 500 mil. Descobri o endereço dele através do cadastro junto ao IPVA, e passei a mandar cartas. Para convencê-lo de que era algo sério, cheguei a descrever o carro em seu nome", contou.
O verdadeiro desafio é convencer os beneficiados de que não se trata de trote ou golpe. É necessária muita insistência para que os premiados acreditem nele. Para a maioria dos contatados, a saída é fazer a verificação do prêmio no site oficial do programa Nota Fiscal Paulista ou procurando diretamente o posto fiscal mais próximo.
"Todo mês recebíamos a lista de prêmio represados, de pessoas que não apareceram para recebê-los. Isso me incomodava muito e no final do ano passado pedi autorização para ir atrás dessas pessoas", contou o auditor, cuja função é normalmente associada à cobrança de tributos e não à distribuição de prêmios.
Antes do trabalho de Jair, a lista de prêmios represados contava com mais de 40 pessoas, mas hoje são apenas sete, que seguem se recusando a acreditar que são ganhadoras.