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Setor de serviços cresce 1,1% em outubro em novo recorde, diz IBGE

Alta é de 3,2% nos primeiros dez meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2023; analistas reforçam as projeções de alta no PIB para 2024

11 dez 2024 - 17h30
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RIO E SÃO PAULO - O setor de serviços voltou a mostrar fôlego em outubro, sinalizando uma economia ainda aquecida no início do quarto trimestre. O volume de serviços prestados no País cresceu 1,1% em outubro em relação a setembro, fazendo o setor alcançar novo patamar recorde da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado foi o dobro da alta mediana de 0,5% estimada por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Após a divulgação, a gestora de recursos XP Investimentos elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no quarto trimestre, de uma alta de 0,3% para um avanço de 0,6%, na comparação com o terceiro trimestre.

"O setor de serviços tem grande peso no PIB e, por isso, ajustamos a nossa projeção de curto prazo para o PIB do quarto trimestre", afirmou o economista da Rodolfo Margato, da XP, em nota, mantendo por ora a estimativa de crescimento de 3,5% para o PIB deste ano, mas com ligeiro viés de alta.

No acumulado de janeiro a outubro de 2024, ante o mesmo período do ano anterior, os serviços já cresceram 3,2%.

Setor de transportes teve maior alta, com destaque para o aéreo
Setor de transportes teve maior alta, com destaque para o aéreo
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

"Está se configurando um quarto ano de crescimento do setor de serviços", apontou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. "Vai ser a primeira vez, desde a série iniciada em 2012, que vai ter o quarto ano de crescimento consecutivo nos serviços."

O mais recente recuo anual no setor de serviços ocorreu em 2020, ano da pandemia de covid-19: -7,8%. Houve avanços em 2021 (10,9%), 2022 (8,3%) e 2023 (2,9%).

Os serviços como um todo apresentaram um desempenho excepcional no acumulado dos meses deste ano, avaliou o economista Homero Guizzo, da Terra Investimentos.

"Nenhum grupo está ficando muito para trás. Isso confirma o diagnóstico de superaquecimento da economia e da demanda no Brasil", ressaltou Guizzo.

O desempenho de outubro também contribui para a expectativa de que o crescimento do PIB de 2024 seja forte, próximo de 3,5%, sem perspectiva de uma reversão ainda no quarto trimestre do ano.

"Isso reforça os temores de que a economia brasileira está cada vez mais acima do seu potencial e, cedo ou tarde, vai se traduzir em problemas para o Banco Central", ponderou Guizzo.

Destaque em transportes

A conjuntura macroeconômica favorável reforça o crescimento que já vem ocorrendo naturalmente na dinâmica de negócios do setor de serviços, mas não é a alavanca principal do segmento, opinou Rodrigo Lobo, do IBGE.

"Tem atividades que sustentam o bom desempenho de serviços ao longo do tempo", lembrou Lobo, citando os setores de tecnologia de informação e agenciamento de espaços de publicidade. "Tem também elementos pontuais a cada mês ajudando a impulsionar o setor de serviços como um todo", acrescentou.

No mês de outubro, o crescimento nos serviços foi mais concentrado, já que apenas duas das cinco atividades mostraram crescimento. O grande destaque foi o setor de transportes, com expansão de 4,1% em relação a setembro, a alta mais acentuada desde março de 2023. O transporte aéreo exerceu o principal impacto positivo, por causa da queda nos preços das passagens aéreas.

"A queda de alguns custos, como do querosene de aviação, acabou barateando o preço das passagens, e impulsionou o volume de serviços", explicou Rodrigo Lobo.

Todos os modais de transportes tiveram taxas positivas em outubro ante setembro: terrestre (1,6%), aquaviário (0,7%), aéreo (27,1%) e armazenagem, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,6%).

A queda no custo do ônibus urbano, por conta da adoção de gratuidade de transporte urbano nas cidades durante as eleições municipais, impulsionou também o desempenho do transporte rodoviário de passageiros. No caso de transporte de cargas, houve expansão motivada por aumentos nas exportações de alguns produtos, como carnes e café. O maior volume exportado também movimentou o segmento de gestão de portos e terminais.

"A taxa de câmbio, com o real cada vez mais desvalorizado, pode de alguma forma impulsionar a exportação de produtos agropecuários brasileiros. E isso tem efeito positivo com transporte de cargas e também na parte de logística, como a parte de terminais. Pode estar relacionado com o aumento de exportações, motivado também pela desvalorização do câmbio", apontou Lobo.

Outros segmentos em alta

Além dos modais de transportes, houve influência positiva do desempenho do segmento de alojamento e alimentação e das atividades jurídicas, por conta do pagamento de precatórios elevando a receita de escritórios de advocacia.

Na passagem de setembro para outubro, além de transportes, houve expansão também em serviços profissionais, administrativos e complementares (1,6%). As perdas ocorreram em informação e comunicação (-1,0%), outros serviços (-1,4%) e serviços prestados às famílias (-0,1%).

Lobo ressalta que os serviços prestados às famílias são consumidos por estratos de renda média e renda alta, estando assim mais imunes à conjuntura geral.

"São supérfluos", disse o pesquisador do IBGE. "O nível de emprego e renda não afeta esse tipo de consumo."

O volume de serviços prestados no País funcionava em outubro em patamar 17,8% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária. Os transportes operavam 23,0% acima do pré-pandemia; os serviços prestados às famílias, 1,6% acima; serviços de informação e comunicação, 25,5% acima; outros serviços, 0,4% acima; e serviços profissionais e administrativos, 21,9% acima.

Estadão
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