Setor público tem pior resultado para março desde 2010
Setor público tem superávit abaixo do esperado em março com desempenho negativo de Estados
O setor público brasileiro registrou superávit primário de R$ 239 milhões em março, o pior para o mês desde 2010, em resultado bem abaixo do esperado e afetado pelo desempenho negativo de governos estaduais.
Em pesquisa da Reuters, analistas estimavam saldo positivo de R$ 5,15 bilhões para o mês passado.
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Apesar do governo central ter registrado superávit primário de R$ 1,483 bilhão em março, com o fluxo dos governos municipais também ficando positivo em R$ 487 milhões, o desempenho negativo dos Estados, com déficit primário de R$ 1,633 bilhão, acabou impactando o resultado final.
Empresas estatais também tiveram contribuição negativa, com déficit de R$ 97 milhões no mês.
Com isso, o déficit primário do setor público subiu a 0,70% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses encerrados em março, pior resultado da série do BC iniciada em dezembro de 2001.
Em março, o gasto com juros nominais chegou a R$ 69,489 bilhões, recorde histórico. A linha foi diretamente afetada pela despesa de R$ 34,512 bilhões com as operações de swap cambial, contribuindo para um déficit nominal de R$ 69,249 bilhões no mês.
Segundo o BC, a dívida pública líquida representou 33,1% do PIB em março, ao passo que a dívida bruta como proporção do PIB ficou em 62,4%.
Árduo caminho
No primeiro trimestre do ano, a economia de gasto para o pagamento dos juros da dívida pública somou R$ 19,003 bilhões, inferior ao superávit primário de R$ 25,631 bilhões de igual etapa em 2014.
O resultado ressalta as dificuldades para o governo alcançar a meta de superávit de R$ 66,3 bilhões neste ano, ou 1,2% do PIB, após déficit no ano passado e em um momento em que a economia patina, com implicações negativas sobre o potencial de arrecadação.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vem reiterando a necessidade de revisão de desonerações e subsídios dentro das medidas de ajuste fiscal do governo para reequilibrar as contas públicas.
Na frente do corte de despesas, o governo deverá anunciar até 22 de maio o limite dos gastos discricionários dos ministérios, procurando, segundo Levy, adequá-los aos esforços de economia para atingimento da meta fiscal.