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Shell compra BG e vira maior sócia da Petrobras no pré-sal

A maior fusão deste ano dará à Shell acesso às operações multibilionárias da BG no Brasil

8 abr 2015 - 12h44
(atualizado às 15h11)
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<p>Esta é a primeira grande fusão do setor em mais de uma década</p>
Esta é a primeira grande fusão do setor em mais de uma década
Foto: Neil Hall / Reuters

A Royal Dutch Shell fechou acordo para comprar a rival de menor porte BG Group por US$ 70 bilhões na primeira grande fusão no setor de petróleo em mais de uma década, reduzindo a diferença frente à líder de mercado, a americana ExxonMobil, após uma queda dos preços da commodity. A compra vai criar uma nova grande potência no pré-sal brasileiro, que será ainda a petroleira mais próxima da Petrobras, em um momento em que a estatal brasileira enfrenta a maior crise de sua história.

A BG, principal parceira da Petrobras no campo de Lula, principal produtor do pré-sal da Bacia de Santos, já é segunda petroleira do país em produção, enquanto a Shell é a quinta maior, segundo o último dado do órgão regulador (ANP).

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Além levar parte de um importante ativo em produção no pré-sal - a BG tem 25% de Lula -, analistas acreditam que é expressivo o negócio para a Shell no Brasil, pois ela ficará com reservas de bastante qualidade e em crescimento. A britânica também é parceira da estatal brasileira em outras relevantes áreas como Sapinhoá, Lapa e Iara.

O campo de Lula foi originado da descoberta de Tupi, a mais relevante do pré-sal anunciada pela Petrobras na década passada, na época com volumes recuperáveis de 5 bilhões a 8 bilhões de barris.

A própria Shell já é sócia da Petrobras com 20% da área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, anunciada pelo governo brasileiro como a maior jazida do País, que pode conter entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de barris de petróleo de reservas recuperáveis, com produção esperada para os próximos anos.

"No Brasil, os ativos da BG dariam à Shell mais um ponto de apoio em uma das bacias de menor custo do mundo, e poderia acrescentar potenciais sinergias com Libra", afirmou o analista Biraj Borkhataria, em relatório da RBC Capital Markets.

Já a corretora Jefferies concluiu que a transação fará da Shell a companhia estrangeira líder no Brasil, combinando ativos atuais da anglo-holandesa, com a fatia em Libra e a participação da BG no pré-sal.

"Nós estimamos que a carteira brasileira da BG vai crescer de 144 mil barris em 2015 para 557 mil barris em 2020, e vai se tornar um motor de crescimento da produção para a Shell", disse a Jefferies, estimando que 2018 a anglo-holandesa vai ser a maior empresa produtora de petróleo e gás natural de capital aberto do mundo, atingindo 4,2 milhões de barris/dia, superando a Exxon.

Acordo

A anglo-holandesa Shell fará o pagamento em dinheiro e ações, avaliando cada ação da BG em cerca de 1,35 pence, disseram as companhias de energia nesta quarta-feira. Trata-se de um prêmio de cerca de 52% sobre a média de negociação de 90 dias da BG, o que estabelece um padrão alto para quaisquer eventuais ofertas rivais.

A maior fusão deste ano dará à Shell acesso às operações multibilionárias da BG no Brasil, leste da África, Austrália, Cazaquistão e Egito. Elas incluem alguns dos mais ambiciosos projetos de gás natural liquefeito do mundo.

Costurado pelo presidente-executivo da Shell, Ben van Beurden, e pelo presidente do Conselho da BG, Andrew Gould, o acordo vem após a forte queda dos preços do petróleo desde junho, estabelecendo um prêmio maior sobre o acesso a reservas provadas do que sobre exploração.

"Estávamos procurando algumas oportunidades, com a BG estando sempre no topo da lista das empresas com as quais queríamos nos combinar", disse Van Beurden, da Shell, em teleconferência. "Temos dois portfólios muito fortes que se combinam globalmente em águas profundas e sistema de gás integrado".

A Shell disse que o acordo irá ampliar suas reservas de petróleo e gás em 25%. A empresa também planeja aumentar as vendas de ativos para US$ 30 bilhões entre 2016-2018 após o acordo.

A britânica BG tem um valor de mercado de US$ 46 bilhões segundo o patamar de fechamento de terça-feira, e a Shell é avaliada em US$ 202 bilhões, enquanto a Exxon, a maior petroleira em valor de mercado do mundo, era avaliada em US$ 360 bilhões.

Van Beurden disse que a presença das duas grandes empresas em Austrália, Brasil, China e na União Europeia pode requerer conversas detalhadas com autoridades antitruste, mas que é improvável que leve a uma venda de ativos forçada.

A queda dos preços do petróleo após o boom do gás de xisto nos Estados Unidos e uma decisão da Arábia Saudita de não reduzir a produção criou um ambiente similar ao da virada do século, quando muitas fusões ocorreram.

Na ocasião, a BP adquiriu a rival Amoco and Arco, a Exxon comprou a Mobil e a Chevron se fundiu com a Texaco.

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