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Siderúrgicas pedirão a Guedes que corte da taxa de importação alcance todos os setores

Setor defende uma abertura comercial que atinja todos os segmentos da economia, incluindo a agricultura e a mineração

20 jul 2021 - 05h03
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SÃO PAULO - Perto de realizar mais uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, as siderúrgicas vão pedir que qualquer medida para a redução da alíquota de importação seja feita para todos os setores da economia. As empresas vão solicitar também que qualquer ação do tipo seja vinculada à redução do custo Brasil.

O tema causou polêmica na semana passada, após o ministro falar que combinou com o setor do aço uma queda de 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Guedes disse ainda que fechou acordo informal com as siderúrgicas para não subir os preços até o fim do ano. A notícia fez as ações das principais siderúrgicas despencarem e levou o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, a esclarecer que não houve qualquer compromisso com o governo na diminuição dos preços.

"A reunião que fazíamos a cada dois meses com o ministro agora acontece a cada 15 dias. Vamos reafirmar a ele duas questões que defendemos: primeiro, que a redução de 10% na alíquota de importação seja transversal, para todas as cadeias, incluindo agricultura e mineração, por exemplo", afirmou Lopes, em entrevista ao Estadão/Broadcast. "Se é uma sinalização de abertura comercial, não pode atingir apenas um ou outro setor. A segunda é que qualquer redução futura no imposto de importação esteja vinculada à redução do custo Brasil."

O presidente do Instituto Aço Brasil afirma que desde fevereiro vem conversando com Guedes e que, por enquanto, a redução de 10% na alíquota de importação, que hoje é de 12% no aço, foi estabelecida apenas para bens de capital e produtos de telecomunicação, que não precisam de autorização do Mercosul para mudanças.

Lopes explica que há uma queda de braço entre Brasil e Argentina no Mercosul e que o presidente Jair Bolsonaro já deixou claro que o país vizinho não pode ser um empecilho para os avanços que o governo brasileiro quer fazer em relação à abertura comercial.

"O governo brasileiro não quer impor que a Argentina, por questões econômicas que vive no momento, proceda a esse movimento de abertura pretendido pelo Brasil. Mas o Brasil também não quer que a Argentina seja uma barreira para os seus avanços em relação à abertura comercial. O ministro Guedes procurou a indústria nacional e não quer fazer nada que a prejudique. Mas nós vamos insistir para que a medida seja transversal e que daqui para frente esteja vinculada à redução do custo Brasil", diz Lopes.

Durante a 58ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, em 8 de julho, o presidente Jair Bolsonaro criticou Alberto Fernández, presidente argentino, que esteve à frente do bloco nos últimos seis meses, e cobrou acordos por maior flexibilização econômica entre os países membros. O Brasil tenta flexibilizar as regras atuais e a proibição de que um dos sócios negocie de forma individual os tratados de livre comércio com outros países que integram o Mercosul.

Estabilização

Sobre os preços, Lopes explica que disse ao ministro que não existe a menor possibilidade de fazer acordo com o governo para a redução por questões de compliance (conformidade), por questões concorrenciais e porque cada empresa tem a sua política comercial.

"Não foi feito acordo, o que fizemos foi mostrar para o ministro que as razões que levaram ao aumento dos preços agora têm uma sinalização de estabilização. Se não há pressão de matéria-prima e insumo na sua estrutura produtiva não tem porque aumentar o preço. O ministro, empolgado, foi lá e falou em acordo informal", afirma.

Estadão
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