Siemens anuncia 6 mil demissões em todo o mundo
Multinacional alemã decide ceifar divisão de automação após queda na demanda. Quase 3 mil cortes devem ocorrer na Alemanha. Empresa quer focar nos mercados asiático e americano.A multinacional alemã Siemens informou nesta terça-feira (18/03) que irá cortar cerca de 6 mil empregos no mundo todo, incluindo 2.850 na Alemanha.
Com a decisão, a empresa se junta a várias outras empresas alemãs de grande porte que anunciaram recentemente planos de demitir milhares de funcionários em todo o país e no exterior.
O anúncio de que haveria cortes foi feito pelo CEO da empresa, Roland Busch, no segundo semestre do ano passado. Agora, porém, foram divulgados números concretos sobre as demissões. A maioria deve ocorrer até setembro de 2027, segundo a direção da companhia.
A maior parte dos cortes será na divisão de automação, que integra a divisão de Indústrias Digitais (DI) da empresa. No último ano fiscal de 2023/24 (encerrado em setembro), a DI encolheu 8%. Os pedidos recebidos tiveram queda de até 10%.
A empresa sofre os efeitos dos altos níveis de estoque em clientes e revendedores, o que levou à queda na demanda e uma baixa utilização de suas capacidades.
A divisão de carregamento de veículos elétricos também será afetada, com a perda de 450 postos de trabalho.
Contratações em outras áreas
No geral, os negócios na multinacional se mantêm sólidos. No primeiro trimestre, a empresa registrou lucro de 2,1 bilhões de euros (R$ 13 bilhões). A Siemens informou em comunicado que condições alteradas em alguns mercados essenciais para a empresa, notadamente a Alemanha, tornaram os ajustes necessários.
"O mercado alemão, em particular, está em declínio há dois anos. As capacidades na Alemanha devem, portanto, ser ajustadas", afirma a nota.
No geral, no entanto, o número de funcionários na Alemanha "tenderá a permanecer constante", já que a Siemens está recrutando em outras divisões que estão em expansão. A empresa emprega 86 mil pessoas na Alemanha.
"Temos de aumentar a nossa competitividade em um ambiente volátil", afirmou Cedrik Neike, membro do Conselho responsável pela divisão de Indústrias Digitais, em entrevista ao jornal alemão de negócios Handelsblatt.
Conselho de Trabalhadores critica medida
O setor de automação está muito focado na China e na Alemanha, assim como na indústria automotiva, onde a demanda vem desaparecendo já há algum tempo.
A Siemens deverá atuar mais nos EUA e em mercados asiáticos, como a Índia, e se concentrar mais em setores como a indústria aeroespacial e de defesa.
O órgão que representa os funcionários da empresa se disse surpreso e criticou a decisão da empresa.
"Não compreendemos as medidas planejadas na DI e estamos surpresos e incomodados com o grande número de demissões planejadas", disse Birgit Steinborn, presidente do Conselho Geral de Trabalhadores e vice-presidente do Conselho de Supervisão.
O vice-presidente do sindicato dos metalúrgicos IG Metall, Jürgen Kerner, que também faz parte do Conselho de Supervisão da Siemens, também criticou os planos. "A transformação não é alcançada por meio de redução de pessoal, mas por meio de mudanças positivas, principalmente mais desenvolvimento e treinamento", observou.
Onda de demissões nas gigantes alemãs
Nesta segunda-feira, a Audi, fabricante de carros de alto padrão pertencente ao Grupo Volkswagen, anunciou o corte de 7,5 mil empregos na Alemanha até o final de 2029,
Em outubro, a Volkswagen anunciou o fechamento de ao menos três fábricas na Alemanha. Outra fabricante de carros de alto padrão, a Porsche, informou em fevereiro deste ano que demitirá 1,9 mil funcionários em duas fábricas em solo alemão até 2029.
A multinacional alemã de produtos eletrônicos Bosch anunciou em novembro de 2024 que planeja cortar 5,5 mil empregos, atribuindo a decisão à crise na indústria automobilística. Mais de dois terços desse empregos, em torno de 3,8 mil, estão na Alemanha.
No mesmo mês, a divisão europeia de siderurgia do conglomerado industrial alemão Thyssenkrupp informou que também pretende desligar 11 mil funcionários nos próximos seis anos, reduzindo sua força de trabalho no setor de aço de 27 mil para 16 mil funcionários.
A divisão Thyssenkrupp Steel Europe (TKSE), sediada em Duisburg, no oeste da Alemanha, justificou a decisão citando dificuldades causadas pelo aumento das importações baratas de aço, especialmente da Ásia, que geraram uma "pressão significativa sobre a competitividade".
rc/ra (DPA, Reuters)
