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'Só o Brasil acha graça em construir usinas térmicas', diz presidente da Omega

Antonio Bastos, presidente da empresa geradora e fornecedora de energia, afirma que projetos de energia eólica e solar poderiam reduzir a dependência das hidrelétricas em menor tempo do que novas usinas de gás natural, mais poluentes

18 ago 2021 - 03h01
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RIO - Nos últimos seis meses a Omega Energia anunciou investimentos de R$ 2 bilhões em energia renovável. E é por esse segmento que o presidente da empresa, Antonio Bastos, enxerga a maneira que o Brasil deveria enfrentar as mudanças climáticas que levaram ao esgotamento dos reservatórios das hidrelétricas, e não construindo usinas térmicas mais caras e poluentes.

Chamado de inocente e sonhador em 2007, quando começou a Omega, Bastos hoje tem clientes como Cargill, 3M, Bayer, Grupo Mateus, entre outros, que, segundo ele, hoje só querem saber de energia renovável. Por este motivo, considera completamente sem sentido a recente aprovação de um novo parque térmico a gás natural de 8 gigawatts (GW), que só deverá entrar no sistema nos próximos cinco anos (tempo de construção de um empreendimento térmico), enquanto projetos de energia eólica e solar saem do papel em um ano e a um custo bem menor.

"Só o Brasil está achando engraçado fazer térmica. A sociedade decidiu que não vai mais bancar a energia suja, e, além disso, a energia limpa é mais barata", afirmou Bastos ao Estadão/Broadcast. "A revolução que deveríamos promover no Brasil deveria ser de renováveis. Imagina fazer uma revolução industrial no Nordeste com energia barata? A oportunidade que isso gera para o País e para a diminuição do abismo de desigualdade que o País tem?", questionou.

'A revolução que deveríamos promover no Brasil deveria ser de renováveis', diz Antonio Bastos, da Omega
'A revolução que deveríamos promover no Brasil deveria ser de renováveis', diz Antonio Bastos, da Omega
Foto: OMEGA/DIVULGAÇÃO / Estadão

De acordo com Bastos, com os mesmos recursos previstos para a construção das térmicas seria possível instalar o dobro da potência, com emissão zero e quatro anos antes. "É só questão do interesse de um grupo que tem força para aprovar essas coisas (térmicas), porque a discussão meritória, com base em dados e fundamentos, não dura cinco minutos, essa que é a triste realidade", disse o executivo, que lamentou também a volta do carvão com um programa de estímulo por parte do governo e os sinais para o crescimento da energia nuclear.

Hidrogênio

De olho no futuro, Bastos disse que a Omega já assinou acordos de exclusividade com produtores de hidrogênio para fornecer energia renovável, "mas ainda em estágio muito embrionário, para estudar", afirmou. Ele disse ter conversas sobre o combustível que interessa principalmente aos países europeus em estados onde a Omega está presente (Ceará, Bahia, Maranhão e Piauí).

Segundo Bastos, mesmo que seja aprovado o novo marco regulatório para a energia solar distribuída, projeto em tramitação no Congresso que tira subsídios da fonte de energia, o preço continuará competitivo e ela continuará crescendo no País.

"A geração distribuída é a atividade do setor elétrico mais rentável que eu conheço no mundo. Instalar no telhado traz uma taxa de retorno de 30% ao ano, 10 vezes a mais que a poupança. Mesmo se repuser todos os encargos, essa conta vai para um retorno de 20%", afirmou.

A Omega foi reconhecida com classificação A na avaliação de ESG da MSCI, companhia global que fornece pesquisas e análises de práticas de negócios ambientais, sociais e de governança para milhares de empresas em todo o mundo, baseado na estratégia de sustentabilidade da empresa associada a um plano de ação para tornar a empresa referência em ESG até 2024. Desde a abertura de capital, em 2017, a empresa já cresceu sete vezes de tamanho.

"É o rating mais importante do mundo em termos ESG (sigla em inglês para padrões ambientais, sociais e de governança) e temos meta de até 2024 sermos a número um entre todas as companhias da América Latina entre empresas listadas em ESG", disse Bastos.

Apesar do prejuízo registrado no segundo trimestre do ano, de R$ 159,3 milhões, o executivo prevê que o resultado do segundo semestre, quando a safra de ventos garante melhor performance para a geração eólica, irá compensar essa perda. "Ano passado tivemos prejuízo no primeiro semestre e fechamos o ano com um belo lucro, tudo leva a crer, se não tiver nenhum tipo de anomalia, que esse ano vai se repetir", disse.

A crise hídrica ajudou com preços mais altos, o que favoreceu a comercializadora da Omega, e a tendência é de que permaneçam elevados durante todo este ano e possivelmente em 2022. As medidas adotadas pelo governo, como a proposta de redução da demanda por consumidores de mais de 30 megawatts é considerada equivocada por Bastos e, na sua opinião, deveria envolver toda a sociedade. "Eu seria mais arrojado no setor industrial. Trinta megawatts é muito alto, eu seria mais ousado, iria para 5 MW e não teria vergonha de fazer alguma ação a mais com o restante dos consumidores", afirmou.

Bastos prevê que mesmo com toda a necessidade de uma revisão geral da garantia física dos empreendimentos elétricos do País, e os vários projetos de modernização do setor em andamento, o único projeto que pode ir para frente em 2022, na sua avaliação, é o que confere maior abertura ao mercado livre, para que os clientes possam escolher a distribuidora de quem querem comprar eletricidade. Hoje, essa alternativa é restrita a grandes consumidores de energia.

"O que pode passar é a abertura do mercado livre pela pressão do preço. A sociedade clama por redução de preço, e, sem dúvida nenhuma, a maior abertura do mercado livre pode passar esse ano, e estamos focados nisso", disse. "Fora isso, não vejo grandes mudanças por ser ano eleitoral. A gente vai ter um ano de extremos, e de passar mensagens difusas para os investidores, vai ser preciso muita cautela. Infelizmente, a gente vai ter um ano um pouco mais confuso e volátil do que os passados, apesar de terem sido de pandemia", afirmou.

Estadão
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