Sócios da 123Milhas receberam R$ 45 milhões indevidamente, diz relatório
A auditoria afirma que a agência de viagens maquiava gastos em publicidade como se fosse saldos positivos em seu balancete
Quatro membros da família Madureira receberam R$ 45 milhões indevidamente da 123Milhas devido a erro contábil, segundo relatório da KPMG e Juliana Morais Sociedade de Advogados.
Quatro membros da família Madureira, controladora da 123Milhas, teriam recebido o montante de R$ 45 milhões indevidamente, segundo relatório da empresa de auditoria KPMG e do escritório Juliana Morais Sociedade de Advogados. O relatório está presente nos autos do caso de recuperação judicial que tramita no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e foi acessado pelo portal UOL.
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Segundo o texto, um erro contábil ocasionou as transferências milionárias entre os anos de 2020 e 2023.
Em seu balancete, a agência de viagens não lançava gastos em publicidade como despesas, mas como investimento. Assim, o hábito transformava o que devia ser um item "negativo" do balanço em "positivo". Ou seja, as saídas de dinheiro acabavam virando lucro.
Com isso, foi possível distribuir os milhões em dividendos à família Madureira.
Segundo o portal, a divisão das transferências aconteceu da seguinte forma:
- Augusto, Ramiro, Tânia e Cristiane receberam R$ 29,8 milhões entre 2020 e 2022;
- Augusto, Ramiro e Tânia receberam R$ 14,5 milhões entre 2022 e 2023.
No relatório, a KPMG e o escritório de Morais chegam a questionar o motivo de Cristiane ter recebido dividendos, já que ela não seria sócia ou acionista da empresa. A 123Milhas afirma, porém, que Cristiane foi sócia até 2022.
Cristiane, Augusto e Ramiro são irmãos. Já Tânia é casada com Augusto.
O Terra entrou em contato com a KPMG. Em nota, a empresa informou que, "por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”.