State Grid e Eletrobras preveem entregar 1º linhão de Belo Monte em dezembro
A chinesa State Grid e a estatal Eletrobras recuperaram atrasos na construção de uma enorme linha de transmissão de energia que levará do Norte ao Sudeste a produção da hidrelétrica de Belo Monte, e a obra deverá ser totalmente concluída em dezembro, ante uma entrega em fevereiro prevista em contrato, disse à Reuters um executivo à frente do projeto.
A entrada em operação comercial do chamado "linhão", com mais de 2 mil quilômetros em extensão, é vista como fundamental por autoridades brasileiras, uma vez que a falta de capacidade para levar a energia de Belo Monte ao sistema elétrico já impede a usina no rio Xingu de ligar turbinas adicionais.
A limitação ainda acontece justamente em um momento de alta nos custos da eletricidade no Brasil devido ao baixo nível nos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de energia do país.
"A gente está para finalizar agora em outubro... para novembro ser testes e a entrada em operação comercial em dezembro. Vamos conseguir antecipar em relação à data do contrato. A gente estava prevendo entrar na véspera do Natal, e agora nossa data é 12 de dezembro", disse à Reuters o diretor de Meio Ambiente da Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), Newton Zerbini.
A BMTE, empresa criada por State Grid e Eletrobras para construir o linhão, também já pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorização para antecipar a conclusão das obras.
No início de setembro, ainda havia temores de um atraso da linha devido a protestos que paralisavam os trabalhos, mas os problemas diminuíram após uma aprovação do governo federal para que a Força Nacional de Segurança apoiasse a construção.
"Depois da intervenção, a coisa caminhou", disse Zerbini.
Os avanços na obra e a perspectiva de antecipação vêm após um começo difícil no empreendimento --após dificuldades da construtora chinesa SEPCO1 em alguns trechos da linha, a BMTE foi obrigada a contratar sete empreiteiras adicionais para acelerar as atividades.
Originalmente, a energia de Belo Monte seria escoada primeiro por uma grande linha sob responsabilidade da Abengoa, mas a empresa abandonou o empreendimento em meio a uma crise financeira no final de 2015.
Com isso, a usina passou a depender apenas do linhão da BMTE e de um segundo empreendimento, de traçado semelhante --que ficou a cargo da State Grid, mas deve ser entregue apenas ao final de 2019.
VISTORIA
O diretor de Meio Ambiente da BMTE afirmou ainda que equipes do órgão ambiental federal Ibama estarão no canteiro de obras da BMTE nesta semana para fazer uma fiscalização relacionada à emissão da licença de operação do empreendimento, necessária para o início de seu funcionamento.
A vistoria está agendada para acontecer entre 16 e 22 de outubro.
"Nossa expectativa é receber a licença no final de novembro, início de dezembro", disse Zerbini.
Procurado, o Ibama não respondeu a um pedido de comentário.
O pedido da BMTE para antecipar a conclusão das linhas de transmissão de Belo Monte e assim começar a receber também a receita referente ao empreendimento será analisado pela diretoria da Aneel na terça-feira.
A hidrelétrica, que já está parcialmente em operação, deverá ser uma das maiores do mundo quando concluída, o que hoje é previsto para meados de 2020. A usina é orçada em mais de 35 bilhões de reais.