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Sustentabilidade tem forte peso para 50% dos fundos estrangeiros

Estudo do Itaú BBA aponta, no entanto, que apenas 25% das gestoras nacionais estão mais sensíveis ao tema do meio ambiente

19 jul 2020 - 06h08
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Um levantamento feito pelo banco Itaú BBA com 58 gestoras de investimentos, das quais 40 brasileiras e 18 estrangeiras, mostra que o tema ambiental tem entrado no radar dos investidores. É o primeiro movimento da área de análise do banco em relação aos temas socioambiental e governança (ESG, na sigla em inglês).

De acordo com a pesquisa, 50% dos fundos estrangeiros informaram que o tema de sustentabilidade tem peso muito importante em suas decisões de investimentos, enquanto apenas 25% das gestoras nacionais estão mais sensíveis ao tema.

Essa dinâmica, segundo o relatório do banco, pode ser explicada pela adoção antecipada de padrões ESG no setor de fundos fora do Brasil, pela maior oferta de ações relacionadas a produtos em outros países e a menor divulgação de informações por um número significativo de empresas listadas no mercado local em relação a grupos internacionais.

Cerca de 20% dos fundos brasileiros disseram que não incorporam nenhum tipo de critério ESG, ante apenas 5% dos gestores internacionais que ignoram o tema.

"Essa cultura tende a melhorar no Brasil", disse Daniel Sassom, responsável pelo relatório "É a hora de acelerar o jogo."

Segundo Sasson, a pesquisa indica que as preocupações ambientais são maiores nos setores de papel e celulose, siderurgia e mineração. Seis empresas brasileiras fizeram parte da enquete com os investires - Suzano, Klabin, Vale, CSN, Gerdau e Usiminas.

A Suzano aparece no topo como a companhia vista com práticas ESG. Vale, Usiminas e CSN são as que, segundo investidores ouvidos, têm a pior percepção.

Investidores

O relatório mostra que investidores estrangeiros possuem um total de US$ 841 bilhões de ativos sob gestão de fundos que levam em considerações questões socioambientais em tomada de decisões em investimentos. Sasson diz que estes dados são da consultoria Morningstar, com base no primeiro trimestre deste ano.

Pouco mais de 80% de fundos sustentáveis são gerenciados na Europa, seguidos pelos EUA, com 14%. "A região da América Latina não aparece nesse levantamento", disse Sasson. Segundo ele, tem crescido o interesse de gestoras brasileiras em criar fundos com práticas ESG, mas esse movimento é incipiente.

Em recente entrevista ao Estadão, o presidente do banco Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema, disse que o tema sustentabilidade entrou na pauta ambiental das empresas e investidores.

"O assunto entrou em evidência com os incêndios na Amazônia, mas é uma agenda que vem ganhando relevância no mundo todo. É claro que uma imagem não positiva do Brasil lá fora não ajuda em nada as empresas a atrair investimentos. Essa é uma agenda cada vez mais crucial."

Para Sasson, uma agenda ambiental mais clara do governo brasileiro deverá atrair mais investidores ao País.

Estadão
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