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Tarifas de Trump podem aumentar a conta do supermercado - da carne bovina à suína, do abacates à tequila

26 nov 2024 - 18h16
(atualizado às 18h16)
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Os preços nos Estados Unidos podem subir para itens como abacates, morangos, entre outras frutas e verduras frescas, o que poderia culminar com consumidores podendo sofrer com falta de produtos se presidente eleito, Donald Trump, seguir com seus planos de colocar tarifas em produtos do México e do Canadá, disseram economistas especializados em agricultura e executivos do setor.

México e Canadá são, de longe, os dois maiores fornecedores de produtos agrícolas para os Estados Unidos, com importações avaliadas em quase 86 bilhões de dólares no ano passado, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e da Alfândega dos EUA.

Tarifas sobre os embarques de alimentos desses países poderiam causar impactos financeiros e operacionais significativos no abastecimento dos EUA, além de colocar foco em como o país se tornou dependente de seus vizinhos para alimentar sua população, disseram economistas.

Trump disse na segunda-feira que assinaria um decreto em seu primeiro dia no cargo, em janeiro, impondo uma tarifa de 25% sobre todos os produtos vindos do Canadá e do México para conter o fluxo de drogas ilegais e imigrantes para os EUA.

Os consumidores norte-americanos sentiriam os impactos nos supermercados e restaurantes com itens fora de estoque, disse Lance Jungmeyer, presidente da Associação de Produtos Frescos das Américas, nesta terça-feira.

"Veríamos menos itens, de forma geral, na seção de hortifruti", afirmou Jungmeyer. "Os restaurantes teriam que mudar os seus cardápios, talvez usando menos frutas e vegetais ou reduzindo as porções."

Cerca de dois terços das importações de vegetais dos EUA e metade das frutas e nozes vêm do México, segundo o USDA: quase 90% de seus abacates, até 35% de seu suco de laranja e 20% de seus morangos.

As exportações de abacate para os Estados Unidos dispararam 48% desde 2019, conforme mostram os dados de comércio dos EUA, à medida que os consumidores têm usado cada vez mais o fruto em saladas e sanduíches. O mercado norte-americano responde por cerca de 80% das exportações totais de abacate do México, uma relação comercial avaliada em 3 bilhões de dólares no ano passado, de acordo com o USDA.

"Isso geraria uma espiral inflacionária", disse Alfredo Ramírez, governador de Michoacán, o principal Estado produtor de abacate do México.

"A demanda não cairia", afirmou. "O que aumentaria são os custos e os preços. Isso traria um aumento na inflação e repercussões diretas para os consumidores."

O fornecimento de margaritas também poderia ser afetado. Importações de cerveja e tequila juntas representaram quase um quarto das importações agrícolas mexicanas pelos EUA no ano passado. As importações norte-americanas de tequila e mezcal mexicanos -- usados em coquetéis como margaritas -- totalizaram 4,66 bilhões de dólares em 2023, um aumento de 160% desde 2019.

O plano de Trump também poderia desacelerar a migração de mais de 1 milhão de vacas exportadas pelo México através da fronteira a cada ano, para se tornarem parte do suprimento de carne bovina dos EUA.

Os produtores norte-americanos reduziram seus rebanhos de gado nos últimos anos, elevando os preços da carne bovina. Eles poderiam se beneficiar se as tarifas levassem a menos importações de gado e carne bovina, disse Bill Bullard, CEO do Ranchers Cattlemen Action Legal Fund United Stockgrowers of America.

As tarifas também poderiam aumentar ainda mais os preços da carne para os consumidores dos EUA, embora Bullard tenha dito que os importadores e processadores de carne podem ser capazes de absorver alguns custos extras.

As projeções mais recentes do USDA mostram que, em 2025, os EUA provavelmente terão um déficit comercial agrícola de mais de 42 bilhões de dólares, impulsionado em parte pelo interesse dos consumidores por produtos fora de estação e por bebidas alcoólicas importadas do México.

A ameaça de tarifas pode ser uma forma de obter vantagem sobre o México e o Canadá antes da renegociação do acordo comercial EUA-México-Canadá, que será revisado em 2026, disse Peter Tabor, advogado e conselheiro sênior de políticas na Holland & Knight e ex-funcionário de comércio do USDA.

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