Taurus deve elevar fatia de armas exportadas com regras mais rígidas no Brasil
A Taurus deve aumentar a quota de exportação das armas que fabrica no Brasil para 85% a 90% neste ano, afirmou o presidente da companhia, Salésio Nuhs, citando medidas mais rígidas no país recentemente para aquisição de armas e munições.
Nos últimos anos, segundo o executivo, 80% da produção da empresa no Brasil tinha como destino o mercado externo, mas mudanças, como decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no começo do ano, impuseram uma "nova realidade".
Ele acrescentou que os Estados Unidos, onde a empresa também tem uma unidade industrial, devem continuar sendo o principal mercado no exterior da companhia, entre os cerca de 100 países com quem tem negócios.
No primeiro dia do ano, Lula assinou medida para reorganizar a política de controle de armas, flexibilizada pela gestão de Jair Bolsonaro, condicionando a autorização de porte à comprovação de necessidade, entre outras mudanças.
À espera da regulamentação das novas regras, Nuhs afirmou que os planos de investimentos estão em modo de espera. Em março, a companhia obteve 175,7 milhões de reais com a Finep, vinculada ao Ministério do da Ciência, Tecnologia e Inovação, para ampliar desenvolvimento em novos produtos, processos, e novos materiais
"Dependendo...é possível que a gente faça investimentos nos EUA ou na Índia em detrimento do Brasil. Ou então vamos postergar", afirmou o executivo à Reuters nesta quinta-feira na feira de defesa e segurança LAAD, no Rio de Janeiro.
"Temos que investir sabendo o que o futuro nos reserva, enquanto isso nossos investimentos estão congelados." Em 2022, a companhia investiu 213,9 milhões de reais, sendo 71% do total na modernização e ampliação do parque fabril.
De acordo com o presidente da Taurus, a demora na definição de regras tem sido "trágica" para a cadeia de armas no país, com o fechamento de lojas especializadas e estandes de tiros no país, bem como demissão de milhares de pessoas.
"Você está criando um problema de desemprego, de redução de arrecadação e tem problemas até para o esporte brasileiro."
Ele defendeu a criação de uma agência reguladora do setor no Brasil. "Temos que criar uma agência nacional de controle de armas para acabar com essa polarização. A cada quatro anos e novo governo, rediscutimos o setor. É um absurdo isso" afirmou.