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Taxa de desemprego sobe para 12,6% em abril, segundo IBGE

Efeitos da crise provocada pela pandemia foram sentidos tanto entre os informais quanto entre trabalhadores com carteira assinada

28 mai 2020 - 09h22
(atualizado às 09h53)
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Sob os efeitos das medidas para conter a propagação do coronavírus, adotadas no País a partir da segunda quinzena de março, a taxa de desemprego passou de 11,2% para 12,6% no trimestre encerrado em abril, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira, 28.

Pessoas aguardam na fila para tentar receber ajuda emergencial do governo federal aos mais vulneráveis, em meio ao surto de doença por coronavírus no Rio de Janeiro
14/04/2020
REUTERS / Lucas Landau
Pessoas aguardam na fila para tentar receber ajuda emergencial do governo federal aos mais vulneráveis, em meio ao surto de doença por coronavírus no Rio de Janeiro 14/04/2020 REUTERS / Lucas Landau
Foto: Reuters

No mês passado, o País tinha 12,8 milhões de desempregados - com 898 mil pessoas a mais à procura de trabalho. A população ocupada teve queda recorde de 5,2%, em relação ao trimestre encerrado em janeiro, com perda de 4,9 milhões de postos de trabalho, que foram reduzidos a 89,2 milhões.

Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, os efeitos da crise provocada pela pandemia foram sentidos tanto entre os informais quanto entre trabalhadores com carteira assinada. "Dos 4,9 milhões de pessoas a menos na ocupação, 3,7 milhões foram de trabalhadores informais. O emprego com carteira assinada no setor privado teve uma queda recorde também. A gente chega em abril com o menor contingente de pessoas com carteira assinada, que é de 32,2 milhões."

Entre os informais, estão profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) ou sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família).

Para analistas, porém, mesmo com o aumento na taxa, os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho devem ter sido ainda mais intensos do que revela o número: com as medidas de isolamento, um contingente significativo de pessoas deve ter deixado de procurar emprego, aliviando pressão sobre a taxa.

"As demissões em si devem ter sido em número muito elevado, mas o dado é limitado artificialmente pela saída de pessoas da força de trabalho e por medidas como o coronavoucher (o auxílio emergencial)", avalia o economista Lucas Godoi, da GO Associados.

Ele lembra que o resultado deste trimestre ainda está parcialmente aliviado pelos números de fevereiro, um mês pré-pandemia que ainda entra na conta. "A partir de maio veremos taxas históricas, com elevações muito grandes", resume o analista. A GO Associados estima taxa média de 13,9% em 2020.

O economista-chefe do Haitong, Flávio Serrano, afirma que a queda do nível de emprego em decorrência da crise no País deve ser suficiente para provocar essa forte elevação da taxa, apesar dos efeitos estatísticos da saída de pessoas da força de trabalho.

"A situação é tão atípica que dificulta a projeção de vários indicadores. O IBGE está fazendo pesquisa por telefone, os processos normais de pesquisa também são afetados, e isso pode aumentar a variabilidade dos dados. Nos próximos meses, a amplitude das projeções deve aumentar, por conta do nível elevado de incerteza que estamos vivendo", afirma Serrano.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, diz que a expectativa é de continuidade de deterioração no mercado de trabalho, com alta do desemprego, no trimestre encerrado em maio e talvez até junho. "Só a partir de setembro e outubro devemos começar a ver uma melhora bem marginal." / COLABORARAM CÍCERO COTRIM E THAÍS BARCELLOS

Estadão
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