Taxas dos contratos futuros de juros fecham em leve baixa após IGP-DI e Focus
Na volta do mercado após o feriado, os índices recuaram influenciadas pelos dados de inflação e pelas projeções mais recentes
Na volta do mercado após o feriado de Páscoa no Brasil, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam em leve baixa nesta segunda-feira, influenciadas pelos dados de inflação e pelas projeções mais recentes, enquanto os retornos dos Treasuries exibiam ganhos no exterior.
Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou 0,34% em março, após subir 0,04% em fevereiro. O número foi interpretado como um sinal de desaceleração da inflação no Brasil.
Já o relatório Focus do Banco Central indicou que as projeções para o IPCA, o índice oficial de inflação, em 2025 e 2026 não se alteraram. O documento mostra que a mediana das expectativas do mercado para o IPCA nos dois anos seguiu em 4%.
"O IGP-DI veio abaixo do esperado, e o Focus mostrou pouca variação nas expectativas de inflação. De certa forma, isso reduz um pouco a preocupação de que o BC terá que manter os juros no atual patamar por muito tempo", avaliou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
"O arcabouço fiscal proposto pelo governo, a princípio, está pelo menos conseguindo estabilizar as expectativas de inflação", acrescentou.
Em cerimônia para marcar os 100 dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o novo arcabouço fiscal.
"Eu tenho certeza que vai fazer sucesso, que vai ser aprovado (no Congresso) e tenho certeza que a gente vai colher os frutos que foram plantados", afirmou.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo enviará o projeto de novo arcabouço fiscal ao Congresso juntamente com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024.
Apesar do viés de baixa trazido pelo IGP-DI e pelo Focus, o recuo das taxas dos contratos futuros de juros foi limitado, com os investidores aguardando a divulgação do IPCA de março, na terça-feira. O dado tem maior potencial de mexer com as posições atuais.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,5%, ante 13,509% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,235%, ante 13,252% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,99%, ante 12,039%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,98%, ante 11,989% do ajuste anterior.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 6% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 94% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries avançavam durante a tarde, após dados de emprego nos Estados Unidos reforçarem as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) poderá elevar os juros em sua próxima reunião de política monetária.
O relatório de emprego dos EUA de sexta-feira mostrou a criação de 236.000 vagas no mês passado, enquanto os dados de fevereiro foram revisados para mostrar que 326.000 empregos foram adicionados, mais que os 311.000 relatados anteriormente. Economistas consultados pela Reuters projetavam abertura de 239.000 postos de trabalho em março.
Os números foram considerados positivos pelo mercado financeiro, que viu aumentarem as chances de o Fed subir em 0,25 ponto percentual sua taxa de juros. Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 3,00 pontos-base, a 3,4131%.
(Fabrício de Castro)