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Taxas futuras de juros disparam em novo dia de críticas de Lula ao Banco Central

28 jun 2024 - 16h51
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As taxas do DIs fecharam a sexta-feira em forte alta, superior a 20 pontos-base em alguns vencimentos, emplacando a quarta elevação consecutiva, em mais um dia em que a curva de juros refletiu o desconforto dos investidores com a situação fiscal brasileira e com as reiteradas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central.

A aceleração dos rendimentos dos Treasuries, a partir da divulgação de dados de confiança do consumidor dos EUA no fim da manhã, também deu suporte às taxas futuras no Brasil na segunda metade do dia.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo - estava em 10,74%, ante 10,62% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,56%, em alta de 25 pontos-base ante os 11,307% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,94%, com elevação de 23 pontos-base ante o ajuste de 11,712%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,42%, ante 12,256%, e o contrato para janeiro de 2033 marcava 12,42%, ante 12,272%.

No início do dia, Lula voltou a criticar o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto, em entrevista à rádio FM O Tempo, de Minas Gerais. Ele afirmou que o atual patamar da taxa básica Selic, de 10,50% ao ano, é "irreal" diante de uma inflação que está controlada.

Lula também pontuou que Campos Neto foi indicado pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro, e disse que o presidente do BC "não está fazendo o que deveria ter feito corretamente".

Ao tratar do câmbio, cobrou providências do BC. "Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso", disse.

As críticas de Lula e a forte alta do dólar ante o real -- numa sessão pressionada ainda pelo fechamento de mês e trimestre -- colocaram as taxas dos DIs em alta já no começo da manhã, ainda que os yields dos Treasuries estivessem acomodados naquele momento.

No fim da manhã foi a vez de Campos Neto passar recados ao governo durante um evento em Lisboa, Portugal. Após afirmar na véspera que falas recentes de Lula têm impactado negativamente os preços, Campos Neto disse que ajustes fiscais muito focados em ganho de receita são menos eficientes e podem ter como resultado menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.

Em sua apresentação, Campos Neto afirmou ainda que a desconfiança sobre as contas públicas impacta os juros de longo prazo e as expectativas de inflação. Em reação, as taxas dos DIs subiam mais de 10 pontos-base no fim da manhã.

"A queda de braço do presidente Lula com o Banco Central não é uma coisa bem resolvida politicamente, e não vejo como melhorar antes de a gente ter a transição do Campos Neto", comentou a analista Laís Costa, da Empiricus Research, ao avaliar o avanço das taxas. "A relação entre Lula e Campos Neto se esgarçou demais."

Em outra indicação de dificuldades na área fiscal, o BC informou pela manhã que o setor público consolidado registrou um déficit primário de 63,9 bilhões de reais em maio. Economistas consultados em pesquisa da Reuters esperavam saldo negativo de 58 bilhões de reais. A dívida bruta brasileira saltou de 76,3% para 76,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

À tarde as taxas no Brasil receberam estímulo adicional do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries se firmaram em alta após a Universidade de Michigan informar que seu índice de confiança do consumidor atingiu 68,2 em junho, acima dos 65,8 projetados em pesquisa da Reuters.

Perto do fechamento a precificação da curva de juros brasileira indicava 70% de chances de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em julho. Havia outros 30% de probabilidade precificados no sentido de que o colegiado poderá aumentar em 25 pontos-base a Selic. Na véspera, os percentuais eram de 79% e 21%, respectivamente.

A curva também precifica alta da Selic ainda em 2025 -- a despeito de Campos Neto ter reiterado que a alta da taxa básica não está no cenário base da instituição.

No exterior, às 16h42 o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 7 pontos-base, a 4,361%.

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