'Temos de atender 35 milhões de brasileiros', diz Rubens Menin, fundador da MRV
Segundo Menin, Hors Concours do Master, a demanda é formada por um público, na maioria, do segmento econômico
Ele iniciou no ramo imobiliário aos 18 anos, como estudante e estagiário de engenharia, supervisionando obras em áreas pobres da região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Junto com um primo, Rubens Menin fundou, em 1979, a MRV e a transformou na maior construtora residencial da América Latina.
Presente em 160 cidades de 22 Estados e do Distrito Federal, a companhia tem foco no segmento popular, mas vem diversificando atividades com a Sensisa, para classe média, a Urba, de loteamentos, a Luggo, de aluguel de imóveis, Log, de logística, e com a AHS, que atua nos EUA. Possui operação consolidada de 40 mil unidades/ano pelo programa Casa Verde e Amarela. Fechou 2020 com a venda bruta de 54 mil unidades e VGV de R$ 8,7 bilhões. Mesmo com inflação e juros em alta, o grupo registrou, no segundo trimestre de 2021, o valor de R$ 2,40 bilhões com o lançamento de 11.388 unidades, alta de 5,4% sobre igual período do ano anterior e de 40,3% em relação ao primeiro trimestre.
Aos 65 anos, Menin ainda tem participação no Banco Inter, na CNN Brasil, Rádio Itatiaia e Menin Douro Estates. Ele é a Personalidade Hors Concours do Master Imobiliário 2021.
Qual foi o maior desafio na sua trajetória nesse mercado?
Primeiro, fico muito orgulhoso, satisfeito de receber o prêmio. O setor imobiliário é minha vida, nasci nele e estou nele. O maior desafio é cada vez menor, mas ainda é grande. Nós começamos em uma época em que Brasil tinha inflação muito alta. Depois disso, começamos a viver com dois grandes problemas: o ambiente de negócios, com taxas de juros elevadas, e o chamado custo Brasil, pois a burocracia é muito grande. O setor é muito importante para a economia brasileira. Temos de lutar para diminuir essa burocracia.
Ainda temos pandemia e a inflação está alta. Como se cresce nesse ambiente?
Trabalho no setor imobiliário há 47 anos. Aqui não é para amadores. A inflação hoje não é tão alta quanto antes. O INPC subiu mais que o IPCA, o que provocou aumento grande nos preços. Temos de controlar esta inflação para depois controlar os juros. São a base do nosso setor. Fomos muito bem no ano passado porque os juros estavam baixos, as famílias dependem de taxas amigáveis. É ruim eles subirem, mas a expectativa é voltarem a cair a partir do ano que vem.
Para quem quer adquirir um imóvel: é um bom momento?
Adquirir um imóvel sempre foi bom. Ainda é um bom momento, há taxas baixas e modalidades interessantes.
E quais são as perspectivas para o segmento popular?
A hora que se faz um desenho do perfil da população brasileira, da renda, da demanda, fazemos uma fotografia e sabemos que temos de atender 35 milhões de brasileiros nos próximos 20 anos. E sabemos que o perfil desse público hoje é majoritariamente econômico. Nosso maior foco é atender de 3 a 10 salários mínimos.
Quais são as oportunidades no mercado americano?
Os EUA têm renda per capita maior, mas têm déficit habitacional, o mesmo desafio daqui, e lá é tão ou mais sério nos grandes centros. A work force, população que ganha até US$ 50 mil por ano, não está conseguindo morar. Faltam moradias, faltam players, é um desafio grande. Levamos tecnologia inovadora: todas nossas construções são feitas em processo industrializados para obras populares, isso não havia lá.
O que aprenderam lá que pode ser replicado no Brasil?
Os insumos de acabamento lá são mais completos, você monta tudo lá como se fosse um lego, armários, cozinha. Já estamos desenvolvendo coisas para trazer. É mão e contramão.
O que ainda falta realizar na sua trajetória?
Espero que falte o máximo possível e quero trabalhar por muitos anos. O Brasil chegou a ser a sétima economia, hoje somos a décima segunda. Temos de botar este país nos cinco primeiros do mundo.