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Tensão política acentuada por 7 de Setembro ameaça PIB

Até projeção de crescimento de 1,5% para a economia no ano que vem é acompanhada de viés negativo

9 set 2021 - 05h11
(atualizado às 07h25)
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A nova crise deflagrada pela elevação do tom do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) durante as manifestações do 7 de Setembro e sua repercussão no ambiente político não deve ficar restrita ao mercado financeiro - ontem, a Bolsa caiu 3,8% e o dólar subiu 2,89%. Com o aumento das incertezas, a atividade econômica e a inflação devem se deteriorar ainda mais, de acordo com economistas.

Protesto do apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro contra o supremo, STF, realizado na Praça dos Três Poderes, na cidade de Brasília
Protesto do apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro contra o supremo, STF, realizado na Praça dos Três Poderes, na cidade de Brasília
Foto: Frederico Brasil / Futura Press

"Os eventos (de terça-feira) colocam na mesa o risco de que Bolsonaro não termine o mandato, seja via impeachment seja por meio de uma cassação. Quando isso entra no radar, as incertezas são maiores, e isso pesa na economia, nas decisões de consumo e de investimento", diz a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria.

Esse cenário mais incerto está fazendo a economista rever sua estimativa de alta do PIB de 2022 de 2,2% para 1,8%. Alessandra afirma que há a possibilidade de esse crescimento ser ainda menor. "Há também o risco em relação ao resultado eleitoral, especialmente se Bolsonaro não for vencedor. Aí, podemos ter uma transição de poder que não seja pacífica. Isso traz mais incerteza e torna o ambiente mais difícil para a economia."

Para o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, as manifestações de 7 de Setembro fizeram com que a disputa eleitoral de 2022 e as incertezas geradas por ela ganhassem importância na formação dos preços dos ativos brasileiros. Com isso, a instabilidade no mercado começa mais cedo do que o esperado para um período eleitoral e o prêmio de risco também sobe.

"Isso torna muito pouco provável que os preços convirjam para o patamar que faria sentido de acordo com os fundamentos (da economia). Um valor justo para a Bolsa hoje, por exemplo, seria de 130 mil pontos, e, para o dólar, R$ 4,70", diz Padovani.

De acordo com ele, a deterioração financeira vai elevar o custo do crédito, o que afetará negativamente a economia. Para este ano, Padovani ainda projeta uma alta de 5,3% no PIB, dado que a reabertura da economia vai compensar as incertezas, mas, para 2022, a estimativa é de 1,8%, com viés negativo.

A economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV (FGV Ibre), também afirma que sua projeção de 1,5% de PIB para 2022 tem viés negativo. "Poderíamos estar comemorando os resultados da abertura da economia. Mas o cenário agora é de muita incerteza. Isso prejudica investimentos, emprego formal, crédito. Muitas decisões de investimentos vão ficar para depois das eleições."

Silvia diz que o único alento poderá vir do Congresso. Para ela, diante da crise, deputados e senadores podem tentar, nos próximos meses, avançar em alguma reforma econômica. "Se a economia for muito mal, talvez haja mais pressão para o Congresso ter protagonismo."

Estadão
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