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Tereza Cristina busca nos EUA reabertura de mercado americano para carne brasileira

Entre os pontos levantados recentemente, os americanos dizem, por exemplo, que é necessário haver melhorias no processo de coleta para testes microbiológicos na carne

18 nov 2019 - 17h23
(atualizado às 17h32)
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CORRESPONDENTE / WASHINGTON - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se encontra na próxima quarta-feira, 20, com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue. A reunião foi agendada nos últimos dias, depois de os americanos terem imposto uma nova frustração ao pleito brasileiro de conseguir a reabertura do mercado dos EUA para a importação de carne bovina in natura.

Entre os pontos levantados os americanos dizem, por exemplo, que é necessário haver melhorias no processo de coleta para testes microbiológicos na carne
Entre os pontos levantados os americanos dizem, por exemplo, que é necessário haver melhorias no processo de coleta para testes microbiológicos na carne
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

No encontro, a ministra tentará convencer os americanos a aceitar as explicações brasileiras sobre a situação sanitária sem enviar uma nova missão de inspeção ao Brasil, o que poderia atrasar ainda mais a retomada das exportações brasileiras.

No final de outubro, os americanos listaram quatro pontos que ainda precisam ser resolvidos pelo Brasil para que os EUA voltem a importar carne do País. Os EUA sugeriram agendar uma nova missão para tentar destravar a relação - mas a ministra pretende dissuadir o governo Trump dessa ideia na reunião com a visita a Washington. "Nós achamos que o que foi pedido é muito pouco para que se tenha uma missão indo ao Brasil. Nós podemos esclarecer esses pontos técnicos", afirmou Tereza Cristina na capital dos EUA, nesta segunda-feira.

Parte do governo brasileiro avalia que o agendamento de uma missão pode jogar para o fim do primeiro semestre do ano que vem a reabertura de mercado, se os EUA insistirem na nova viagem ao Brasil. "Eles pediram alguns pontos técnicos que já foram respondidos. Podemos esclarecer (...) mas não (enviar) uma nova missão, o que talvez só aconteceria no ano que vem, já que o ano praticamente acabou", disse a ministra. "Eu vou com uma proposta de dizer que existe uma relação de confiança entre os nossos serviços, que acho que esses pontos podem ser esclarecidos, não necessariamente com uma missão, que é sempre mais complicada e mais morosa", afirmou.

Os americanos aumentaram os testes de qualidade sobre a carne in natura importada do Brasil depois da Operação Carne Fraca, de 2017. Três meses depois da repercussão internacional da operação, o Departamento de Agricultura dos EUA anunciou a medida após testes de qualidade da carne brasileira que entra no país reprovarem a quantidade de abscessos presentes na carne bovina. Na época, os produtores brasileiros informaram que uma reação à vacina contra febre aftosa teria causado o problema. Desde então, o Brasil entrou em uma longa negociação e submeteu aos EUA uma série de formulários elaborados pela equipe americana para certificar a qualidade da carne bovina fresca.

Com a visita do presidente Jair Bolsonaro ao presidente americano Donald Trump, em março, e o anúncio de uma "nova relação" entre os dois governos, os EUA concordaram em agendar uma inspeção em frigoríficos brasileiros no intuito de reabrir o mercado para a carne bovina in natura do Brasil. A inspeção foi feita em julho, mas o relatório final só foi divulgado em outubro. Entre os quatro pontos levantados recentemente, os americanos dizem, por exemplo, que é necessário haver melhorias no processo de coleta para testes microbiológicos na carne.

Na reunião, a ministra deve afirmar aos americanos que há também por parte deles um problema de certificado sanitário, mas negou que o Brasil vá flexibilizar algo em troca da reabertura do mercado de carne. "Não temos que flexibilizar nada, porque esse assunto da carne é do passado. Houve um incidente no meio do caminho e se suspendeu (a importação), mas nós não temos que trocar nada com eles. Temos alguns assuntos que vão ser colocados à mesa e que podem facilitar, como esse certificado de carne dos EUA para o Brasil, que é um tema muito burocrático. O Brasil mudou o certificado e os EUA têm dificuldade de se adaptar. Vamos colocar como pode ser feito, mas não vai ter troca nenhuma", afirmou.

A ministra negou que o ponto principal de sua viagem aos EUA seja a negociação sobre a carne brasileira e disse que a visita já estava agendada antes da confirmação da reunião com a autoridade de Agricultura americana. Tereza Cristina tem reuniões no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) nesta segunda e terça-feiras.

Ela sugeriu que há outros mercados mais interessantes para o Brasil no momento, como a China. De janeiro a março de 2017, último ano antes dos EUA fecharem o mercado para a carne brasileira, o Brasil exportou 11,8 mil toneladas de carne in natura para os americanos, o que representou US$ 49 milhões. Apesar de os EUA não serem os grandes importadores do produto, a venda para o país é vista como importante referência para as operações internacionais.

"Hoje o mercado brasileiro vive um boom muito interessante que nem sei se, nesse momento, a gente exportaria carne para os EUA, porque hoje o preço de outros mercados, principalmente da China, são mais compensadores. Agora é importante ter os EUA abertos, não tem dúvida, para alguns tipos de carne", disse a ministra.

A reunião com Perdue também servirá para tratar de negociações sobre etanol e trigo. O Brasil aceitou criar uma cota para importação de trigo, o que ainda está em estágio de implementação. No início do agosto, o governo brasileiro também atendeu um pleito dos americanos para reavaliar a cota de importação de etanol imposta pelo Brasil.

Estadão
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