The Economist lista 5 desafios para 2º mandato de Dilma
A publicação anunciou apoio ao candidato Aécio Neves (PSDB) na disputa à presidência durante o segundo turno da campanha
O desafio de Dilma Rousseff (PT) à frente da Presidência da República em seu segundo mandato não será apenas conquistar o apoio de quase metade do eleitorado brasileiro que votou em Aécio Neves (PSDB) na eleição realizada no último domingo. De acordo com a revista britânica The Economist, Dilma deve enfrentar quatro anos mais difíceis do que os de seu primeiro mandato. Além dos desafios na economia, o governo petista terá de lidar com os 28 partidos que formam o Congresso Nacional a partir do ano que vem, o que pode dificultar o trâmite de diversos projetos que não tenham o apoio da oposição.
Algumas semanas antes do segundo turno da eleição, a publicação anunciou apoio à candidatura do tucano Aécio Neves, dizendo que o senador merecia vencer, já que a economia do País tinha estagnado e o progresso social diminuído no governo Dilma.
Nesta quarta-feira, a Unidade de Inteligência da The Economist realizou um evento em São Paulo para anunciar os planos da publicação no Brasil. O escritório da The Economist Group deve fortalecer a presença da revista no País - cujo número de leitores cresce 2,5% ao ano - e as análises da Unidade de Inteligência sobre a América Latina. Também foi divulgado o estudo “Brazil’s political and economic outlook under Dilma 2.0” (Perspectiva política e econômica do Brasil sob Dilma 2.0”, em tradução livre).
Veja cinco desafios que a presidente Dilma Rousseff terá de enfrentar em seu segundo mandato, de acordo com a revista:
1 – Crescimento baixo e inflação alta
O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos num determinado período, do Brasil deve crescer 0,4% neste ano, de acordo com a publicação. O segundo mandato de Dilma seguirá com resultados de baixo crescimento: 1,4% em 2015; 2,4% em 2016; 2,6% em 2017; e 2,6% em 2018, segundo a revista.
Até o último ano de Dilma Rousseff à frente do Planalto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do País, deve se manter acima do centro da meta do Banco Central, de 4,5%, na avaliação da The Economist. O dado de setembro deste ano indicou estouro do teto da meta, atingindo 6,75% no acumulado de 12 meses.
Este cenário é preocupante, de acordo com Irene Mia, diretora regional da Unidade de Inteligência da The Economist para a América Latina e Caribe. “Se a economia não crescer, será um desafio sustentar os atuais níveis de desemprego”, afirmou. Segundo a publicação, outro dado preocupante é o crescimento da China, que deve desacelerar chegando a 5,6% em 2019, o que prejudicaria as exportações brasileiras.
2 – Mercado financeiro
Reconquistar a confiança do mercado é um dos primeiros passos para o País mudar o atual cenário macroeconômico e evitar possível rebaixamento do grau de investimento pelas agências de classificação de risco. Para a publicação, o governo federal precisa focar em reformas que tornem a economia mais competitiva, ser menos intervencionista e abdicar de políticas protecionistas.
O mercado também aguarda o anúncio do nome que substituirá Guido Mantega no Ministério da Fazenda. “Independente do ministro que assuma a pasta da Fazenda, o setor privado tem a percepção de que Dilma continuará com considerável controle da economia”, disse Mia. “Se o empresariado tiver a percepção de que o governo vai interferir menos na economia, os investimentos, principalmente em infraestrutura, devem ser retomados.”
3 – Educação
Segundo a revista, 92% das empresas no Brasil têm dificuldades para encontrar profissionais qualificados. Esse dado se reflete no fraco sistema de educação básica do País. Além disso, o setor de educação também enfrenta problemas, principalmente em zonas rurais, e de baixo incentivo à formação de professores.
4 – Política fiscal
O governo Dilma abandonou o chamado tripé econômico, composto pelo câmbio flutuante, regime de metas de inflação e superávit primário, segundo a revista. Neste ano, a meta de superávit primário, de 1,9% do PIB, não deve ser cumprida, avalia. “A estabilidade fiscal deve se tornar um problema novamente”, afirma a publicação.
O não cumprimento da meta fiscal é mais um empecilho para o governo recuperar a confiança do empresariado. A revista também afirma que o déficit público do País deve ser crescente no segundo mandato de Dilma.
5 – Congresso Nacional
A partir de 2015, Dilma Rousseff, que tem falado em promover o diálogo no País, deve enfrentar um Congresso Nacional mais duro. Para a The Economist, Aécio Neves sai da eleição como líder da oposição e terá ao seu lado outro nome forte, José Serra (PSDB), que foi eleito senador pelo Estado de São Paulo. A publicação também espera que a oposição seja mais dura com o governo, dificultando o trâmite de projetos enviados pelo governo ao Legislativo.