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"Todos os compromissos de Doria serão honrados", diz Ellen

Secretária afirma que técnicos estudam como compensar a queda de receita dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal

15 jan 2021 - 05h10
(atualizado às 07h32)
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Uma das técnicas à frente do pacote de ajuste fiscal do governo João Doria (PSDB) que cortou benefícios fiscais para uma série de setores econômicos (que agora vem sendo alvo de ações judiciais e protestos de opositores), a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, afirmou em entrevista ao Estadão que o compromisso do governador de revogar parte dos aumentos de impostos será mantido e que técnicos estudam como compensar a queda de receita. "O compromisso dele foi de fazer um recuo. Isso está sendo ajustado", disse.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen da Silva, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes 
A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen da Silva, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP / Estadão Conteúdo

O governo passou a ser alvo de uma série de ações judiciais em decorrência do pacote fiscal. Como a sra. avalia isso?

É normal, em qualquer mexida de benefícios. Vivemos em um país democrático e temos de honrar a democracia. Esse é o papel deles.

Vocês vão recorrer contra o mandado de segurança dos hospitais privados?

Sim. Temos uma força-tarefa montada e vamos responder. Nessa ação, entendo que houve um mal-entendido, porque a juíza não está pedindo a suspensão dessa revisão temporária de benefícios. Ela está contestando um aspecto técnico, de isso ter sido feito por um decreto, não por uma lei, e alega uma questão de estar fora do limite de 10% (de aumento), quando a legislação prevê o oposto, que são correções a partir de 10% em cortes ou revisões de benefícios. Isso que vai ser contestado.

Houve o anúncio do governador sobre o recuo nos aumentos de alíquotas do ICMS, mas os empresários ainda aguardam a edição de um novo decreto. Quando será publicado?

Todos os compromissos do governador serão honrados. O compromisso dele foi de fazer um recuo, revogou a mudança para a manutenção de benefícios fiscais vigentes para medicamentos genéricos, insumos agrícolas, alimentos hortifrutigranjeiros, da cesta básica e de energia elétrica. Isto está sendo ajustado. Não é tão simples porque temos de seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Temos um grupo grande de técnicos da Fazenda e da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão porque cada linha desses benefícios estava atrelada a uma linha de investimentos do Estado. Você não pode fazer ajuste de benefícios sem equilíbrio fiscal do outro lado. Não é um trabalho trivial e temos o limite de prazo da noventena. Algumas das resoluções devem sair amanhã (hoje) ou, no máximo, sábado (amanhã) e, na próxima semana, as outras.

Mas algumas regras já começam a valer no dia 15.

Sim, mas essa transição terá de ocorrer, porque alguns ajustes têm de seguir a noventena, então o período (para mudanças) é de três meses. É linha a linha. Cada benefício segue um modelo diferente. O compromisso será honrado, mas tem de ser feito seguindo a lei.

Os permissionários da Ceagesp fizeram nova manifestação contra as mudanças. Vocês veem um componente político nisso, uma vez que o protesto é liderado por opositores ao governador, ou há a insegurança deles de não terem visto ainda o novo decreto?

Você já colocou a resposta em sua pergunta. Se o compromisso já foi feito publicamente e o trabalho está sendo realizado, por que o protesto?

O que eles argumentam é que ainda não viram o novo decreto.

É difícil. Muita gente que está entrando nesta onda de polarização política não faz por mal, faz por falta de informação. O que é o pior, porque muita gente mal-intencionada leva informação errada para eles. Fico triste, mas tenho esperança de que eles tenham a informação correta o mais rápido possível.

Vocês chegaram a prever essas reações? O setor dos hospitais, por exemplo, argumenta que perderá R$ 1,5 bi por ano.

O setor de saúde privada responde hoje por mais de 5% do PIB do País, então, tudo é relativo. Estamos em um momento que precisa de consciência de todos. É a maior crise sanitária e econômica que o mundo já passou. Todos temos de fazer nossa parte. O que não dá é para prejudicar quem mais precisa. Vamos honrar nossos compromisso de investimento na saúde, na educação e na segurança e precisamos do sistema público de saúde funcionando como nunca. Só não estamos em uma situação pior porque temos o Sistema Único de Saúde, e o SUS precisa ser protegido.

Estadão
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