Toyota mira idosos e lança seu primeiro carro 100% elétrico
Pioneira em automóveis híbridos - com o Prius, lançado em 1997 -, montadora japonesa lança o BEV, microcarro para dois passageiros
TÓQUIO - Primeira montadora a colocar no mercado, em 1997, um carro híbrido para venda em massa - o Prius, movido a gasolina e a eletricidade -, a japonesa Toyota finalmente vai entrar no segmento de veículos movidos apenas a eletricidade.
Seu primeiro modelo 100% elétrico, o BEV, um microcarro para dois passageiros, será lançado no próximo ano. Tem como alvo principal a população idosa, que deve crescer nos próximos anos no Japão e em outros países, incluindo o Brasil.
O ultracompacto é uma das novidades da fabricante no Salão do Automóvel de Tóquio, no Japão, que será aberto na quarta-feira, 23, para a imprensa e na sexta, 25, para a público. O evento bianual reúne principalmente as fabricantes asiáticas e tradicionalmente mostra as tendências do mercado em termos tecnológicos.
A Toyota mostra também um triciclo elétrico (i-Road) e patinetes (i-Walk) com três opções de uso: com um banco, com acoplador de cadeira de rodas e o normal, para uso em pé, único voltado ao público mais jovem.
"Quanto mais idosa a população, maior a necessidade de mobilidade", afirma Akihiro Yanaka, um dos responsáveis pelo projeto de eletrificação do grupo. Entre as características do BEV está a facilidade de manobra, além de itens como aquecedor de assento e sistema anti-colisão.
O modelo tem 2,49 metros de comprimento e atinge no máximo velocidade de 60 km. Voltado ao uso urbano, a bateria pode ser recarregada em até cinco horas e tem 150 km de autonomia.
"Queremos popularizar os carros elétricos e, para isso, precisamos construir um modelo de negócios viavel", disse Yanaka durante apresentação dos novos produtos da marca a um grupo de jornalistas de vários países.
Ele reconhece que um dos desafios será o desenvolvimento de baterias menores, mais leves, mais baratas e que possam ser carregadas em menor tempo.
O executivo ressaltou ainda que a marca quer estar em todos os segmentos da eletrificação com modelos híbridos, plug in, a célula de combustível e eletricos, "para atender as diferentes necessidades de cada mercado" e elogiou o Brasil pelo uso do etanol como alternativa à gasolina no caso do recém-lançado Corolla híbrido flex.
A empresa admite que está atrasada na corrida pelos elétricos em relação aos concorrentes. No ano passado o mercado global consumiu 1,21 milhão de veículos eletrificados.
Autônomos
Neste ano a Toyota aproveita o salão também para mostrar as tecnologias que estarão nos veículos que atenderão esportistas e funcionários durante a Olimpíada e a Paraolimpíada de Tóquio, em junho de 2020.
A principal delas é o autônomo e-Palette, que fará o transporte de atletas e tem capacidade para 20 passageiros e 4 cadeirantes. A van só estará disponível durante o evento e, segundo Takahiro Muta, responsável pelo projeto, o modelo foi preparado para percorrer trajetos pré-definidos e precisará de mais tempo para poder transitar em estradas normais.
Também tem o ônibus Sora, movido a célula de combustível, que terá 100 unidades em circulação na capital japonesa a partir do próximo ano.
Com esse tipo de combustível, visto pela Toyota como a melhor solução para o futuro, outro conceito está no salão, esse mais próximo de chegar ao mercado, que é a nova geração do Mirai, movido a célula de combustível.
A primeira geração, lançada em 2014 no Japão, EUA e Europa, teve até agora 9,7 mil unidades vendidas. Com design futurista, têm preços entre US$ 42 mil e US$ 58 mil. O novo design é mais contemporâneo.
Outro conceito no salão é LQ, considerado pelo seu criador, Daisuke Ido, "um carro autônomo com toque humano" por utilizar inteligência artificial para aprender, por exemplo, os gostos do condutor. Se apresentar sonolência, por exemplo, o sistema do carro "puxa conversa" com o condutor de um tema que goste, como esporte, até que chegue a um lugar onde possa descansar ou tomar um café.
Para o Brasil
Outras marcas apresentam nesta quarta-feira suas novidades, como a Honda, que mostrara o novo Fit, até agora o único modelo da feira que será produzido também no Brasil futuramente.
A Nissan trará, entre outros, o conceito IMK, um carro também compacto e elétrico. Modelos pequenos são campeões e venda no Japão, mercado que no ano passado consumiu 5,2 milhões de veículos, quase o mesmo volume de 2017 e que deve registrar queda neste ano, segundo projeções de fabricantes. Até setembro foram vendidas 4,1 milhões de unidades.
A Suzuki também apresenta dois modelos conceito, um deles híbrido plug in e outro autônomo e a Mitsubishi trará um SUV híbrido compacto.
(A jornalista viajou a Tóquio a convite da Anfavea)