Trabalhadores e indústria divergem sobre manutenção da Selic
Segundo Contraf-CUT, comitê perdeu chance de forçar uma queda dos juros
Diante da manutenção da taxa básica de juros em 11% ao ano, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) divergiu com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) anunciada nesta quarta-feira.
"O Copom deixou escapar uma boa oportunidade para baixar a Selic e estimular o crescimento econômico, além de forçar uma queda dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego e a distribuição de renda, visando o desenvolvimento do país", defendeu em nota o presidente da entidade, Carlos Cordeiro.
Para ele, “o custo social e econômico da utilização da Selic no controle da inflação tem se mostrado muito elevado e é urgente acionar outras políticas voltadas para este fim, cujos efeitos sejam menos danosos. É necessário buscar outras variáveis, em especial o número e a qualidade dos empregos e a remuneração média dos trabalhadores”.
A Firjan, por sua vez, afirmou que a manutenção marca o fim de um ciclo de aperto monetário. “O baixo crescimento da economia brasileira persiste. Na verdade, se intensificou nos últimos meses com a desaceleração do consumo das famílias, a redução da geração de empregos e a piora dos indicadores de confiança dos empresários de vários setores. Além disso, nos próximos meses ainda serão sentidos os efeitos defasados da política monetária sobre o crescimento econômico, após um ano de altas sucessivas da taxa Selic", diz trecho de nota.