Transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece, diz Campos Neto
O processo de transição de comando no Banco Central demonstra que a característica técnica da autoridade monetária permanece, disse nesta sexta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em live promovida pelo BC para balanço de sua gestão e despedida do comando da autarquia, Campos Neto disse que a autonomia formal do BC foi um ganho e colocou a instituição à frente de pessoas, ideologias, governos e do tempo da política.
Defensor de que o status da autarquia avance para uma autonomia financeira, além da operacional, ele avaliou que a evolução dessa discussão não está concluída.
"Acho que para ter uma blindagem melhor (contra intervenções políticas), precisa ter autonomia financeira e administrativa. A gente caminhou muito no sentido da blindagem, mas precisamos avançar um pouco mais", disse.
O atual presidente do BC atuou pessoalmente pela aprovação de uma proposta que concede autonomia financeira à autoridade monetária. No entanto, diante de resistências do governo, o texto não avançou no Legislativo.
Campos Neto entra em período de férias a partir do fim de semana e será substituído interinamente até o final do ano pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que toma posse em 1º de janeiro como novo presidente do BC.
Na live, Campos Neto ainda afirmou que o desafio de reduzir a inflação no mundo será grande, argumentando que há fatores que de incerteza no cenário.
Ele reafirmou que o endividamento público dos países cresceu muito nos últimos anos e que o custo de rolagem dessas dívidas aumentou diante do patamar mais alto dos juros globalmente.