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Trump adota tom desafiador após críticas globais a tarifas de aço e alumínio

2 mar 2018 - 13h14
(atualizado às 16h59)
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assumiu um tom desafiador nesta sexta-feira, dizendo que guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar, após anunciar na véspera que vai impor tarifas sobre importações de aço e alumínio ao país, o que desencadeou críticas globais e queda nos mercados acionários mundiais.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante anúncio sobre tarifas sobre importações de aço e alumínio em Washington, nos EUA
01/03/2018
REUTERS/Kevin Lamarque
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante anúncio sobre tarifas sobre importações de aço e alumínio em Washington, nos EUA 01/03/2018 REUTERS/Kevin Lamarque
Foto: Reuters

A União Europeia citou possibilidade de tomar contramedidas, a França disse que as tarifas dos EUA são inaceitáveis e a China pediu a Trump moderação. O Canadá, maior fornecedor de aço e alumínio aos Estados Unidos, disse que vai retaliar caso seja atingido pelas tarifas norte-americanas.

As bolsas de valores dos EUA abriram em queda acentuada nesta sexta-feira, com investidores preocupados sobre uma possível guerra comercial global.

Trump disse na quinta-feira que as tarifas de importação de 25 por cento sobre aço e de 10 por cento sobre alumínio foram pensadas para proteger empregos norte-americanos contra produtos estrangeiros mais baratos e seriam formalmente anunciadas na próxima semana.

"Quando um país (EUA) está perdendo vários bilhões de dólares em comércio com praticamente todos os países com que faz negócios, guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar", escreveu Trump no Twitter.

"Por exemplo, quando estamos perdendo 100 bilhões de dólares com um determinado país e eles decidem não fazer mais negócio, nós ganhamos muito. É fácil!" Não ficou claro sobre qual país ele estava se referindo.

Por sua vez, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, disse que o anúncio de Trump "pareceu" se aplicar a todos os países. "Isso é o que o presidente pareceu anunciar ontem", disse Ross à CNBC quando perguntado se as tarifas se aplicariam a todos os países.

As perspectivas de retaliação por Canadá, China e Europa levaram os mercados acionários globais em direção a uma perda semanal de 2,5 por cento, com investidores se voltando a ativos tradicionalmente seguros como títulos do governo, ouro e o iene.

A ArcelorMittal, maior produtor de aço do mundo, recuou quase 5 por cento e as ações de montadoras de carros como Fiat Chrysler sofreram com preocupações de que as tarifas dos EUA aumentarão custos.

No Brasil, as ações das siderúrgicas Gerdau, Usiminas e CSN mostravam quedas de entre 3,5 e 7,5 por cento após comportamento sem direção comum na véspera, quando a Gerdau teve alta de cerca de 3 por cento, Usiminas teve recuo e CSN ficou mais perto da estabilidade. A mineradora Vale mostrava baixa de 3,3 por cento.

"É uma preocupação real porque a Europa é uma economia aberta global, então não é só sobre EUA versus China", disse Ian Ormiston, gestor europeu de fundos de equity na Old Mutual Global Investors. "E nós vamos ver retaliação lá."

Muitos economistas dizem que o impacto de alta dos preços para os compradores de aço e alumínio, como as indústrias de petróleo e veículos, vai destruir mais empregos do que as tarifas sobre importações irão criar.

A fabricante de eletrodomésticos Electrolux disse que está adiando uma expansão de 250 milhões de dólares em fábrica no Estado norte-americano do Tennessee, diante de preocupação de que os preços do aço nos EUA tornarão a produção menos competitiva.

Já a Borusan Holding, principal produtora de aço da Turquia, disse que poderá expandir sua fábrica de tubulações de aço no Texas em razão das tarifas propostas.

MEDIDAS DE SALVAGUARDA DA UE

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, chamou as tarifas dos EUA de intervenção gritante que equivalem a protecionismo e prometeu agir "firmemente" em resposta.

A UE, que se vê como um contrapeso global a Trump, que tende ao protecionismo, não fez nenhuma menção sobre retaliação, mas falou de contramedidas em conformidade com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Nós vemos relações de comércio internacional como uma situação em que todos ganham", disse uma porta-voz da Comissão Europeia.

"Nós não vemos isso como uma situação em que, como em um jogo de soma zero, uma parte perde porque outra parte ganha. O comércio é benéfico para todos. Ele precisa se basear em regras e estas regras estão no lugar."

Medidas de salvaguarda, acionadas pela última vez pela Europa em 2002 após o então presidente dos EUA, George W. Bush, impor tarifas sobre importações de aço, seriam pensadas para proteger o bloco contra aço e alumínio desviados para a Europa caso as tarifas dos EUA entrem em vigor.

Mas para cumprir com regras da OMC, tais medidas teriam que se aplicar a importações de todos os países e também poderiam abalar produtores da China, Índia, Rússia, Coreia do Sul e Turquia.

"Uma guerra comercial entre a Europa e os EUA só terá perdedores", disse o ministro de Finanças francês, Bruno Le Maire, acrescentando que todas as opções estavam sobre a mesa e ele discutiria esta questão com seus equivalentes alemão e inglês nesta sexta-feira.

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