Trump anuncia tarifas à importação de aço e alumínio
EUA prometem impor taxa de 25% para aço e 10% para alumínio. Presidente diz que medida será assinada na próxima semana com objetivo de proteger indústria americana. Grandes produtores, como Canadá e UE, rechaçam decisão.Apesar da oposição até mesmo dentro da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (01/03) que seu governo vai impor tarifas à importação de aço e alumínio, um passo que promete gerar tensões comerciais com grandes produtores, como a China.
Em reunião com representantes americanos da indústria, Trump prometeu assinar a medida na próxima semana, utilizando-se de uma lei de 1962 - raramente aplicada - que autoriza ações presidenciais contra importações que estejam prejudicando a segurança nacional.
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Segundo o presidente, o governo vai impor tarifas de 25% nas importações de aço e 10% nas de alumínio, materiais que são essenciais para os setores de construção e manufatura. As taxas vão permanecer em vigor "por um longo período de tempo", antecipou o republicano.
Em justificativa à ação, Trump disse que, com as tarifas de importação, os produtores americanos de aço e alumínio "estarão protegidos pela primeira vez em muito tempo". Ele também espera fomentar a criação de postos de trabalho. "O que tem acontecido nas últimas décadas é vergonhoso", afirmou.
O presidente já vinha prometendo combater as importações como parte de suas políticas econômicas e estrangeiras de America First ("EUA em primeiro lugar"). Desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro de 2017, ele vem tentando anular ou renegociar acordos comerciais estrangeiros.
Mais cedo no Twitter, Trump havia antecipado suas intenções ao escrever que "as indústrias americanas de aço e alumínio foram dizimadas por décadas de comércio injusto e políticas ruins com países de todo o mundo". "Não podemos mais deixar que tirem vantagem do nosso país, companhias e trabalhadores. Queremos um comércio livre, justo e inteligente."
O aumento da produção externa, especialmente a chinesa, causou uma queda nos preços do setor, o que acabou afetando os produtores americanos. A situação motivou um alerta do Departamento de Comércio americano de que as "quantidades e circunstâncias" das importações de aço e alumínio no país "ameaçam prejudicar a segurança nacional".
Em fevereiro, o órgão revelou que a produção de aço dos EUA em 2016 foi de cerca de 70% de sua capacidade. Ou seja, produziu aproximadamente 79 milhões de toneladas, quando poderia produzir 113 milhões. Na ocasião, o departamento clamou pela imposição de cotas ou tarifas para que a produção americana atinja ao menos 80% de sua capacidade.
Reações
Parceiros comerciais de Washington reagiram com indignação ao anúncio de Trump e prometeram contramedidas. "Qualquer tarifa ou cota imposta à indústria canadense seria inaceitável. Tal decisão teria impacto em ambos os lados da fronteira", disse o ministro do Comércio do Canadá, François-Philippe Champagne, cujo país é o maior fornecedor de aço e alumínio dos EUA.
A União Europeia (UE), por sua vez, afirmou que "reagirá de maneira firme e proporcional" às tarifas a fim de defender os interesses do bloco. "A Comissão Europeia apresentará nos próximos dias uma proposta de contramedida compatível com a OMC [Organização Mundial do Comércio] para reequilibrar a situação", disse o presidente da comissão, Jean-Claude Juncker.
"Lamentamos profundamente este passo. O protecionismo não pode ser a resposta a um problema que é comum no setor siderúrgico. Em vez de fornecer uma solução, esta medida só pode agravar a questão", completou Juncker. "Não ficaremos sentados enquanto nossa indústria é atingida por medidas injustas que colocam milhares de empregos em risco."
A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström, acrescentou que a decisão dos Estados Unidos "terão um impacto negativo nas relações transatlânticas e nos mercados globais".
Após o anúncio de Trump - que gerou temores sobre um aumento dos preços e uma possível batalha comercial com países parceiros , os principais índices de ações dos EUA caíram mais de 1%.
O índice Dow Jones Industrial fechou nesta quinta-feira em baixa de 1,68%. O principal indicador da bolsa de Nova York perdeu 420,22 pontos, ficando com 24,608,98. O seletivo S&P 500 caiu 1,33%, para 2.677,67, e o índice composto da Nasdaq recuou 1,28%, fechando aos 7.180,56.
Nesta sexta-feira, o temor quanto ao agravamento de uma crise no comércio internacional derrubou as bolsas asiáticas, afetando os preços das ações das empresas dos setores siderúrgico e de manufatura que abastecem o mercado americano. O índice japonês Nikkei 225 registrou queda de 2,2%, e o chinês Shangai Composite caiu 0,6%
Os mercados de valores europeus enfrentaram fortes baixas nesta sexta-feira. O índice pan-regional Stoxx 600 abriu com baixa de 0,7%. O Dax, da Bolsa de Frankfurt, caiu 1,7% e o britânico FTSE, 0,6%.
A agência de classificação de risco Moody's alertou que a medida americana já causa impactos negativos na indústria asiática do aço e observou que as empresas americanas que dependem dessas matérias-primas também devem sofrer com os altos custos.
EK/afp/ap/dpa/lusa/rtr
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