Turistas do sono pagam a partir de R$ 1 mil pra dormir bem
O chamado turismo do sono ainda não é comum no Brasil, mas já existe a tendência de busca por lugares tranquilos
A correria da vida moderna criou um novo tipo de turista que busca opções para dormir bem. Nada de agitação, nada de barulho, nada de gente sem educação com caixa de som alto na praia: esse tipo de turista paga justamente para ter silêncio e dormir com conforto.
Os lugares que oferecem boas opções para esse tipo de viajante não são baratos, mas oferecem especialistas de plantão, alimentação especial, terapias especiais e muito conforto para que se tenha um bom sono.
De olho nesse mercado, a marca sueca Hästens, que fabrica camas luxuosíssima, criou em Portugal o primeiro Sleep Spa Hotel do mundo. O lugar tem uma biblioteca com mais de mil livros e foi todo idealizado para repouso absoluto dos clientes.
Com diárias a partir de € 500 (R$ 2,8 mil) e com maioria dos clientes sendo americanos e brasileiros, o “hotel do sono” tem apenas 15 quartos, todos com travesseiros de pena de ganso e camas confeccionadas por artesãos apenas com materiais naturais, incluindo até crina de cavalo, que absorve o suor.
“A sensação é a de estar dormindo nas nuvens”, disse Sonia Felgut, diretora de marketing do hotel, ao Globo. “Disponibilizamos também vídeos com uma especialista do sono, que explica a melhor postura para dormir, oferecemos refeições leves e, nos quartos, em vez de café, há chás relaxantes de camomila e gengibre.”
Dormindo tranquilo nas ilhas
Na movimentada Londres, destaca-se o hotel Zedwell, que prioriza a qualidade do sono do hóspede, por isso, os quartos não possuem nenhum tipo de aparelho eletrônico. Já o Brown’s Hotel oferece pacotes especiais para quem quer apenas relaxar, incluindo em seu menu máscara de dormir de seda com infusão de lavanda, tratamento especial no spa e carta de chás de ervas calmantes.
Já nas paradisíacas Ilhas Maldivas, no Oceano Índico, destaca-se o Anantara Kihavah, que tem um especialista em dormir que testa os recursos do lugar para um sono perfeito. Além disso, o hotel oferece sessões de ioga, exercícios respiratórios, infusão intravenosa de suplementos, serviço de chás e banhos com aromas relaxantes.
“As pessoas costumavam associar viagens a refeições luxuosas e outras atividades que sacrificavam o sono. Mas, recentemente, houve uma mudança em nossa consciência coletiva na direção da priorização do bem-estar”, disse Rebecca Robbins, co-autora do livro ‘Sleep for Success!’, em entrevista à CNN.
Ainda nas Maldivas, o hotel Six Senses Laamu tem um programa completo de monitoramento de sono, inclusive com personal triner, massagem holística e orientação nutricional. A diária pode chegar a US$ 2,2 mil (R$ 11,3 mil) por pessoa.
Já na República Dominicana há o Zoetry Agua Punta Cana, com diárias equivalentes a R$ 2,5 mil, que valoriza a natureza, espaço entre árvores e não aceita crianças. Aliás, não pode nem falar alto por lá.
Também possuem programas semelhantes hotéis como Sea Water (em Marsala, Itália) e Rosewood Mayakoba (Playa del Carmen, México), em que o sono do hóspede é mais importante que qualquer outra característica da hospedagem.
Em busca de tranquilidade no Brasil
No Brasil, onde ainda impera a falta de educação do som alto na praia, já existem iniciativas para quem busca um repouso de qualidade nas férias ou nas horas de lazer.
A Quiet Parks International, organização que indica lugares silenciosos em todo o mundo, aponta o Pantanal, o Parque Nacional do Jaú e o Atol das Rocas como redutos de silêncio no Brasil.
Entre os hotéis, o destaque vai para o Atiaia Spa, no Hotel Grand Hyatt, em pleno Rio de Janeiro. Com diárias a partir de R$ 1 mil, ele tem até a preocupação de harmonizar o campo energético do hóspede enquanto relaxa o corpo e estimula o sono.
“Notamos a tendência do turismo do sono fora do Brasil e queríamos trazer essa proposta para o nosso hotel. Dormir bem é um hábito essencial para que possamos viver uma vida plena e exercer nossas funções diárias com mais disposição e energia. Queremos fazer a diferença no dia a dia das pessoas”, disse Mariana Pedrosa, gerente de marketing da rede, ao Globo.