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TV por R$ 1 na Copa; entenda como o varejo faz promoções

12 jun 2014 - 08h30
(atualizado às 09h00)
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Com a realização da Copa do Mundo, grandes varejistas aproveitaram para aumentar as ofertas e promoções relacionadas ao evento. Uma campanha das Casas Bahia, por exemplo, promete ao consumidor que comprar uma TV um outro televisor por apenas R$ 1. O risco da varejista ao propor uma promoção assim é calculado e, muitas vezes, o objetivo está na ampliação do capital de giro, além da conquista de visibilidade. 

Para a economista e coordenadora do Programa de Administração de Varejo (Provar), Dayse Maciel, a fixação da marca é a primeira vantagem para as empresas que realizam essas ações. “A intenção é ser lembrado. O consumidor tem uma hierarquia na hora de comprar, e marca é uma delas, acima, inclusive, do preço. Então eu diria que a maior vantagem seria fazer parte das marcas que são lembradas durante qualquer período promocional. Não há menor dúvida que é impossível ignorar (a importância de) uma Copa no País depois de 64 anos”, afirma.

O assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Altamiro Carvalho, diz que as vendas do varejo devem registrar queda devido ao evento esportivo e, com isso, algumas empresas apostam em promoções de televisores para aumentar o volume de negócios. “A gente precisa deixar claro que a Copa do Mundo para o varejo não traz benefícios consideráveis. Ao contrário, o risco é de ter uma queda de vendas ao longo do evento, principalmente na cidade de São Paulo, que perde muitos eventos.”

De acordo com ele, para realizar as promoções, principalmente as de televisores, as grandes varejistas contam com as parcerias fabricantes para não terem que baixar muito o lucro devido aos grandes descontos. “Praticamente é uma compressão de lucros, principalmente na compra. As grandes cadeias tem um poder de negociação muito grande com as fabricantes. Então, normalmente, se compra a preços menores possíveis. As empresas negociam a aquisição de estoque de uma forma bastante agressiva para poder negociar no menor valor possível”, afirma Carvalho.

Margem de lucro

Além das negociações agressivas, as varejistas baixam a margem de lucro em cima de cada produto para aumentar o volume de vendas e encontrar o equilíbrio. “A margem  é comprometida pelo maior giro. Você troca margem um pouco maior pelo giro maior. O varejista reduz a margem de lucro, mas consegue vender um volume maior, então no final das contas a empresa obtém uma vantagem", diz Altamiro Carvalho.

Com relação ao lucro menor, Dayse Maciel, do Provar, avalia que os preços menores estão relacionados ao segmento de atuação da empresa. Uma loja de objetos de luxo não irá baixar os preços porque os consumidores iriam associar isso à baixa qualidade do produto.

"A questão do preço está muito mais voltada ao posicionamento da empresa no mercado do que especificamente uma promoção. Eu diria que durante uma promoção o preço é muito mais voltado ao posicionamento da marca. O preço, quando foge tanto para cima quanto para baixo, faz as pessoas estranharem", afirma.

Com relação aos riscos que as varejistas sofrem ao fazer esse tipo de promoção, o assessor econômico da Fecomercio afirmou que tudo é calculado para que a empresa, no mínimo, empate as perdas. Ele diz que em promoções como a das Casas Bahia, onde um televisor custa R$ 1 dependendo de uma condição, a ideia se torna possível a partir de uma conta de matemática simples, onde as chances da empresa são muito maiores que as dos torcedores. A varejista condiciona o prêmio à vitória de uma entre 32 seleções. "Isso é estatística pura, com a chance muito maior para a loja", destaca.

Segundo ele, as lojas fazem o cálculo do lucro com um percentual a mais para tenham dinheiro no caixa, caso necessitem pagar o prêmio", ressalta. "Na composição dessas probabilidades, ela faz a promoção. Mesmo que perca e tenha a margem de lucro bastante reduzida, caso tenha que entregar aos consumidores mais televisores, ela tem um cálculo grande para isso".

Pesquisa de preços

As grandes promoções e ofertas sempre atraem os consumidores, que muitas vezes acabam se endividando para adquirir os produtos. Para o diretor de fiscalização da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP), Márcio Marcucci, analisar a necessidade do aparelho é essencial para não comprar por impulso. “A gente observa que está tendo muita promoção de televisor. A gente sempre recomenda é que o consumidor pense no primeiro momento se precisa realmente comprar aquele produto”, afirma.

Como em todas ofertas e promoções, o consumidor deve fazer uma pesquisa de preço em diversas lojas para não cair em uma armadilha. “Nunca confiar na primeira oferta é importante. O consumidor tem que pesquisar. As pesquisas que o Procon costuma fazer revelam que, em alguns casos, existe diferença de preço do mesmo produto em lojas do mesmo bairro. Então pesquise o preço”, alerta.

Cuidados

“Diante de uma promoção que o consumidor adquire um produto e leva outro com determinadas condições, o cliente deve sempre ler o regulamento para saber se existem algumas restrições”, diz o diretor de fiscalização do Procon.

O produto que o consumidor irá adquirir com a promoção tem de estar especificado pela varejista. Além disso, a data de vigência da promoção deve estar bem clara, assim como a quantidade de aparelhos disponíveis ao consumidor. “Se a empresa garante 50 peças por loja, o consumidor vai no primeiro dia, às 8h, e verifica que já não tem no estoque, ele pode denunciar no Procon. Nós iremos questionar a loja para que ela apresente as notas fiscais mostrando a venda dos produtos. Por isso, a necessidade de se indicar o estoque mínimo para o consumidor saber se vale a pena ele ir até a loja ou não”, afirma.

Prazo de entrega

O consumidor que procura produtos para a utilização imediata no período da Copa do Mundo, como os televisores, por exemplo, devem sempre estar atentos aos prazos de entrega. De acordo com Marcucci, a melhor maneira de evitar transtornos nesse caso é comprar o produto pessoalmente. “Para a Copa, é importante verificar os prazos de entrega. Se o consumidor vai comprar um produto para o jogo, é mais garantido a compra na loja física. Caso opte pela entrega, deve tomar cuidado com o prazo para ver se está dentro daquilo que ele espera”, orienta.

Se a loja não entregar o produto no prazo esperado, o consumidor pode cancelar a compra e exigir o dinheiro de volta. “Se o consumidor não quiser se desfazer da compra, ele precisa exigir o cumprimento da oferta. Caso a empresa não cumpra o combinado, ele pode fazer uma reclamação no Procon. Se somados muitos casos contra uma mesma empresa, ela será fiscalizada e pode receber até uma multa”, diz Marcucci, do Procon-SP.

Fonte: Terra
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