UE mira IA, biotecnologia e energia barata em impulso de competitividade global
Inteligência artificial, biotecnologia e energia limpa e acessível serão o foco de uma iniciativa da União Europeia para tornar o bloco globalmente competitivo e garantir que ele acompanhe os rivais Estados Unidos e China, de acordo com um rascunho de documento da Comissão Europeia visto pela Reuters.
A UE está sob pressão de países-membros, como a França, para simplificar as regulamentações sobre como fazer negócios e também está enfrentando desafios com a nova administração do presidente Donald Trump.
Trump, que está prometendo reverter as regras corporativas dos EUA, pesou no debate sobre burocracia na reunião anual de Davos da elite empresarial mundial esta semana, instando a UE a reduzir as regulamentações. Ele também está ameaçando impor novas tarifas sobre as exportações da UE para os EUA.
O documento da Comissão Europeia é um rascunho de propostas -- uma Bússola de Competitividade -- a ser apresentada em 29 de janeiro. Ele descreve 29 medidas e estratégias planejadas para os próximos dois anos para aumentar a produtividade por meio da inovação e descarbonizar a manufatura.
"É hora de passar à ação", diz o rascunho do documento. "Sem uma mudança urgente de marcha e abordagem, o futuro da UE como uma potência econômica, um destino de investimento e um centro de manufatura está em jogo."
A Europa precisa estar na vanguarda dos setores de tecnologia que serão importantes na economia do futuro, como IA, materiais avançados, biotecnologia, energia limpa, robótica e espaço, diz o documento.
O texto ecoa elementos de um relatório de setembro passado do ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que instou o bloco a coordenar a política industrial e investir maciçamente para acompanhar o ritmo dos EUA e da China.
A Comissão deve lançar seu Acordo Industrial Limpo no final de fevereiro, com atos para reduzir os requisitos de relatórios sustentáveis das empresas em 25% e diminuir os preços de energia, que podem ser três vezes mais altos do que os dos EUA.
O executivo da UE revisará as regras do bloco que regem os produtos químicos, promoverá fábricas de IA e tentará eliminar barreiras à construção de escala por startups inovadoras, diz o rascunho do documento sobre competitividade.
Também incentivará os 27 membros da UE a coordenar mais seu conjunto de políticas industriais e de apoio, inicialmente em áreas como redes de energia, infraestrutura digital, IA e fabricação de medicamentos essenciais.
IMPULSO DA FRANÇA POR MENOS BUROCRACIA
O documento da Comissão coincide com um esforço da França para cortar a burocracia no nível da União Europeia. Paris está pedindo uma "pausa massiva" nas novas regulamentações da UE e o adiamento da entrada em vigor de regras que exigem que as empresas relatem suas pegadas ambientais.
As propostas francesas, detalhadas em um documento de 20 de janeiro e visto pela Reuters, surgem em meio a uma reação mais ampla entre empresas da UE contra novas regras ambientais aprovadas nos últimos anos, que, segundo elas, estão prejudicando a competitividade em relação às rivais dos EUA.
No documento francês, a ser apresentado na terça-feira pelo Ministro da Europa Benjamin Haddad aos colegas ministros da UE, a França propôs adiar indefinidamente uma nova diretiva do bloco sobre due diligence corporativa e adiar em dois anos a diretiva de relatórios de sustentabilidade corporativa do CSRD.
A França também está pressionando a UE a adiar a implementação das chamadas regras de capital bancário de Basileia em um ano, para 2027, para garantir condições equitativas com o Reino Unido, que já adiou a aplicação para o início de 2027, de acordo com o documento.
A longa lista de propostas francesas, que inclui ajustes nas normas agrícolas ou mesmo na definição legal de "resíduos", faz parte do que a França chamou de "choque de simplificação", projetado para alcançar os rivais EUA e China, que crescem mais rapidamente.
"Estamos esperando medidas fortes nos primeiros 100 dias do presidente da Comissão Europeia, que fez disso uma prioridade", disse o ministro das Finanças francês, Eric Lombard, a repórteres na quinta-feira, em um discurso de Ano Novo.
"Devemos focar nas contas que complicam a vida de nossas empresas e desaceleram o crescimento", acrescentou. A Alemanha também está interessada em aliviar o fardo das empresas europeias.
O documento francês foi relatado pela primeira vez pelo site Politico.