Uso do cheque especial atinge menor nível desde 2010, aponta CNC
O nível de endividamento aumentou, e a inadimplência caiu, ou seja, as famílias estão buscando por mais crédito, mas honrando suas dívidas
O uso do cheque especial ficou em 3,9%, em maio, atingindo o menor nível desde o início da série, segundo a CNC. A pesquisa também mostrou aumento do percentual de brasileiros endividados e estabilidade na inadimplência.
O uso do cheque especial ficou em 3,9%, em maio, atingido o menor nível desde o início da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em 2010 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os dados, divulgados nesta segunda-feira, 10, indicam, segundo a CNC, que as famílias brasileiras estão se planejando melhor financeiramente.
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A pesquisa mostra que o percentual de brasileiros endividados aumentou: eram 78,8% dos entrevistados, 0,3 ponto percentual (p.p.) a mais do que em abril e o maior desde novembro de 2022 (78,9%). Porém, por outro lado, a inadimplência está estável, mantendo-se em 28,6% pelo segundo mês, abaixo do percentual de maio de 2023, quando a inadimplência estava em 29,1%.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o fato de que mais pessoas estão endividadas, mas com queda do uso do cheque especial e estabilidade na inadimplência, é um bom sinal.
“O avanço no mercado de trabalho, apontado na última Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também apurada pela CNC, revela uma maior parcela da população assalariada e, assim, com mais condições de arcar com seus pagamentos”, afirma Tadros.
Segundo ele, projeções da CNC mostram que o aumento do endividamento deve continuar, enquanto a inadimplência tende a se manter estável e aumentar mais perto do fim do ano. A maioria dos brasileiros (86,9%) está endividada no cartão de crédito.
A pesquisa também mostrou que o percentual de famílias que não terão condições de pagar dívidas teve ligeira queda, de 0,1 p.p., e terminou maio em 12% – 0,2 p.p. a mais do que 12 meses atrás.
O tempo médio de atraso nas dívidas também ficou estável em 64 dias, e o percentual dos que estão inadimplentes há mais de três meses teve ligeira queda de 0,1 p.p., chegando a 47,3% do total de endividados em maio. Por outro lado, houve aumento da proporção com atrasos entre 30 e 90 dias para 29,2%.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explica que a estabilização no percentual de famílias com dívidas em atraso e a ligeira queda do percentual daquelas sem condições de pagar indicam uma leve melhora do cenário de inadimplência familiar. “Apesar da redução nos atrasos superiores em três meses, a alta da inadimplência entre 30 e 90 dias aponta dificuldades financeiras persistentes, exigindo atenção contínua às condições econômicas das famílias brasileiras”, explica Tavares.