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Vale tem segunda renúncia de conselheiro no ano em meio à sucessão na presidência

Companhia informou saída de Vera Marie Inkster, sem detalhar motivos; em março, conselheiro criticou 'nefasta influência política' em processo de escolha de novo CEO

1 jul 2024 - 22h56
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A Vale informou nesta segunda-feira, 1º, que Vera Marie Inkster renunciou ao cargo de membro do conselho de administração da empresa. Não foram apresentados os motivos para a decisão. Segundo a companhia, que está em processo de escolha de um novo CEO, o colegiado está trabalhando em sua substituição. Em momento oportuno, será convocada uma Assembleia-Geral para deliberar a respeito de sua recomposição, disse a mineradora.

É a segunda renúncia no conselho de administração da Vale neste ano. Em março, José Luciano Duarte Penido, conselheiro independente, escreveu uma carta após sua saída em que afirmava que o processo sucessório do comando da mineradora vinha sendo "conduzido de forma manipulada" e não atendia ao "melhor interesse da empresa". Segundo ele, a companhia sofria "evidente e nefasta influência política". A Vale divulgou um comunicado afirmando que seguia rigorosamente seu estatuto.

A renúncia desta segunda-feira causou apreensão ao mercado. Na avaliação do Citi, o episódio levanta importantes preocupações de governança corporativa. "Os acionistas da Vale são mais bem atendidos por um conselho independente, em nossa opinião. Ao mesmo tempo em que respeitamos o governo como uma parte interessada importante ao lado dos funcionários e das comunidades", escrevem os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott, em relatório de atualização dos números da companhia. O banco mantém a recomendação de compra para as ações da Vale.

Nesta segunda, os papéis da mineradora na Bolsa fecharam em alta de 1,48%. O desempenho contou com o apoio do minério, que subiu 2,5% em Dalian, na China. Exportadoras, de forma geral, têm se beneficiado também da escalada do dólar frente ao real.

Vale atravessa processo sucessório para definição de novo CEO
Vale atravessa processo sucessório para definição de novo CEO
Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO / Estadão

Para analistas, a alta nas ações não foi mais expressiva devido à notícia da renúncia. Para a Ativa Investimentos, a saída foi mais um ruído negativo para o processo de sucessão que está ocorrendo na Vale. "A saída do segundo conselheiro em menos de quatro meses indica a existência de pensamentos muito diferentes na companhia e mostra que o dissenso segue prevalecendo em assuntos de interesse de seu conselho", diz a Ativa.

A Vale vem sendo alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mês passado, o petista afirmou que a companhia foi "rifada" no processo de privatização e alegou não ser possível dialogar com a empresa. "Poderíamos ter aqui, do nosso lado, a Vale, que foi privatizada e rifada por 899 mil pequenos fundos, e que você não tem um dono para conversar, para discutir", afirmou.

O processo para escolha do novo presidente da Vale, que sucederá Eduardo Bartolomeo a partir de 1º de janeiro de 2025, já foi lançado no mercado. Executivos de empresas começaram a ser sondados por consultorias de headhunting de renome internacional, segundo apurou o Estadão com pessoas próximas ao processo e especialistas. O cronograma de definição e contratação do novo comandante da mineradora está previsto para durar até o final de novembro. O governo chegou a tentar emplacar o nome do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cargo, mas acabou recuando da ideia devido à repercussão negativa./Com Beth Moreira, Marcia Furlan e Júlia Pestana

Estadão
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