Vaporduto de R$ 1 bi da Petrobras fica parado no RN e afeta geração de energia no sistema elétrico
Com interrupção do envio de vapor, que é produzido na Termelétrica Vale do Açu, a produção de energia da unidade, de 310 MW, foi interrompida
RIO - A 3R Petroleum, que comprou o campo de produção da Petrobras no Rio Grande do Norte, não renovou um contrato com a estatal para a compra de vapor usado nas operações no Rio Grande do Norte. Segundo a companhia, o contrato terminou no dia 30 de junho e não foi renovado.
"Não houve rompimento de contrato com a Petrobras. A parceria, vigente desde que a companhia assumiu o Polo Potiguar, terminou no dia 30 de junho. As partes não chegaram a um acordo comercial viável, optando pela não renovação", disse a empresa em nota.
Segundo fontes, o preço para a renovação do contrato estipulado pela Petrobras era muito alto, o que inviabilizou o negócio. Já fontes ligadas à estatal afirmam que a 3R não tem pessoal suficiente para manter a operação do vaporduto, considerado o maior do mundo, com 30 km de extensão. Trata-se de uma linha de dutos que transportam o vapor produzido na Termelétrica Vale do Açu, instalada em Alto do Rodrigues, e leva até os campos de produção de Alto do Rodrigues, Carnaubais e Assu.
O vapor era injetado nos campos para aumentar os volumes de produção de petróleo da Petrobras. A 3R não informou imediatamente se irá substituir o vapor por outra tecnologia.
Com a interrupção do envio de vapor, que é produzido por cogeração na Termelétrica Vale do Açu, a produção de energia da unidade também foi interrompida, reduzindo a carga para o Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo o coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), Ivis Corsino.
A termelétrica Vale do Açu (UTE-VLA) tem potência instalada de 310,1 megawatt (MW) e entrou em operação comercial em setembro de 2008. A unidade tem capacidade de consumo diário de 2,3 milhões metros cúbicos (m³) de gás natural e conta com duas turbinas a gás, com uma potência aproximada de 155 MW em cada unidade geradora.
As turbinas operam em sistema de cogeração e tem capacidade de produção de 610 toneladas/hora de vapor para os campos de petróleo da região. A Usina não sofreu obra de ampliação desde o começo das atividades. Corsino informou, no entanto, que até o momento não houve falta de energia no Estado devido à parada de operação da termelétrica.
Para a construção do vaporduto, em 2010, a Petrobrás investiu cerca US$ 200 milhões, quase R$ 1 bilhão na cotação atual. O vaporduto permite revitalizar campos de petróleo que já tinham passado pelo "pico" de exploração e começavam a entrar em fase de declínio.
Questionada, a Petrobras informou que o contrato de fornecimento de vapor gerado na UTE Vale do Açu para a 3R se encerrou por prazo em 30 de junho e que a usina termelétrica continua disponível para operação conforme demanda do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).