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Velocidade, segurança e evangelização: o que muda com o 5G

Alerta: número maior de dispositivos conectados é potencialmente mais alvo de ataques cibernéticos

22 out 2022 - 03h00
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Foto: Adobe Stock

A chegada do 5G promete impulsionar o mercado de serviços de Telecom para mercados com destaque para agronegócio e manufatura. A previsão é que a construção das redes 5G se estenda até 2029, e já existem iniciativas em andamento para unificar a legislação e incentivos de agências e associações, com disponibilidade de recursos financeiros.

Segundo as regras da Anatel, as operadoras deverão fornecer 5G em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal a partir de 29 de setembro deste ano. No Brasil, apenas 99 cidades, menos de 2% do total, contam com leis de antenas atualizadas para receber a tecnologia 5G. Para a implementação plena do 5G, existe uma previsão que sejam necessárias um número pelo menos 10 vezes maior do que existe hoje. 

Existem vários gargalos na implementação de antenas, mas um dos principais é a legislação. Hoje existem leis diferentes em todo o Brasil, mas as cidades devem se adaptar rapidamente à Lei Geral de Antenas (Lei federal nº 13.116/2015) e, assim, eliminar o gargalo burocrático.

Dos testes em Brasília à instalação final

Já havia sido feito um piloto em Brasília da instalação do 5G que foi muito bem-sucedido e, agora, com a expansão para outras cidades, abre-se uma possibilidade gigantesca não só de uso de dispositivos em altíssima velocidade, mas também de prestação de serviço que antes não era possível. Para se ter uma ideia, alguns arquivos de filmes que eram baixados em 30 minutos passam a segundos, então a diferença de velocidade no uso do 5G é algo notável.

Há também uma característica da tecnologia que ajuda muito na questão principalmente de rastreamento de dispositivos móveis, caminhões, cargas, objetos e até pessoas, que é a questão de latência. É um termo técnico que designa o tempo entre a informação ser disponibilizada e a ser recebida pela tecnologia que vai tratar esse dado. 

Esse tempo antigamente era muito grande, mas agora com o 5G isso praticamente se reduz a próximo de zero, então as empresas conseguem tomar informações em tempo real e, também, fazer algumas devolutivas e algumas ações em tempo real.

Com a adoção dessa tecnologia no Brasil, a IoT (internet das coisas) com certeza será uma área de estudo positivamente afetada. Temos observado que, para as empresas prestadoras de serviço, abre-se um universo de novas oportunidades para inovar o portfólio de serviços em telecomunicação como big data, edge computing e inteligência artificial.

Para as empresas clientes, aplicações na área de logística e no monitoramento de veículos e objetos em tempo real passam a ser uma grande oportunidade. No agronegócio, por exemplo, expandem-se as aplicabilidades de IoT e, na área de saúde, o monitoramento de pacientes em tempo real é um benefício muito tangível.

Desafios que ainda precisam ser trabalhados

Claramente, existem desafios na adoção de 5G, entre os quais podemos citar o fator de segurança. Um número maior de dispositivos conectados é potencialmente mais alvo de ataques cibernéticos. Também existe a questão da compatibilidade do parque instalado, com diversos aparelhos mais antigos não sendo compatíveis com a tecnologia 5G.

Em alguns setores, como monitoramento de segurança pública e do trabalho, o uso de IoT e 5G pode significar uma vida salva, o que reforça o fato de que o 5G veio para trazer mais agilidade, segurança e eficiência, permitindo que as empresas e o governo prestem serviços melhores para a população. Com isso, temos mais qualidade de serviço e de vida para as pessoas com o uso dessa nova tecnologia.

Mas, é importante destacar a necessidade de profissionais qualificados. Há um apagão de mão de obra em tecnologia e formar mais pessoas será vital para acelerar a construção das redes 5G.

Estamos em um período no qual há uma grande oportunidade de evangelização sobre o setor, ocasionado pela alta evolução do mercado nos últimos meses. Podemos observar que diversas instituições vêm fazendo um trabalho brilhante de formação para a Indústria 4.0 e já é possível identificar uma geração que sai da faculdade ou da instituição de ensino entendendo o mercado, da mesma forma que vemos executivos que não sabem como aproveitar as oportunidades que a tecnologia vem oferecendo. 

Por este motivo, existe uma oportunidade de formação de executivos para entender melhor do que se trata a tecnologia, facilitando a adoção do 5G no momento correto e garantindo a constante evolução.

O leilão do 5G, realizado no primeiro semestre de 2022, obriga as operadoras a cobrir estradas federais, o que já é um começo dessa evangelização e acessibilidade. Na medida em que as empresas e o governo forem entendendo o retorno sobre investimento e o quanto é revertido para os cofres públicos e privados ao investir em cidades inteligentes, mais rápida se tornará a adoção. Já vimos casos de sucesso de monitoramento pluviométrico utilizando IoT para prever enchentes e desastres naturais, por exemplo.

(*) David Pereira é analista líder da TGT Consult/ISG.

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