Vendas de ovos de Páscoa para o varejo estão mais aquecidas do que em 2021 e 2020
Fabricantes e varejistas esperam crescimento do faturamento, puxado pela volta dos encontros das famílias durante o feriado em abril; até meados de fevereiro, as vendas para o varejo acumulam alta de 48% sobre o ano passado
Neste ano, o domingo de Páscoa acontece no dia 17 de abril, mas os ovos de chocolate já estão nas prateleiras de parte dos supermercados. De acordo com um levantamento da consultoria GS Ciência do Consumo, as compras deste ano já estão no mesmo patamar de volume de 2019, quando ainda não havia pandemia. As vendas de ovos de Páscoa acumuladas até 13 de fevereiro já têm faturamento 48% maior que no mesmo período de 2021, 54% maior do que em 2020 e 11% maior do que em 2019.
Os dados de vendas superiores aos dois anos anteriores mostram também que o varejo encheu as prateleiras de Páscoa mais cedo este ano. Segundo Evandro Alampi, head de inteligência da GS, um dos motivos para isso pode ter sido o cancelamento do carnaval e a maior procura das empresas de varejo por produtos de vendas sazonais. Além disso, é possível que haja mais otimismo da indústria, voltando aos níveis pré-pandemia.
Norton Amato, diretor de marketing da consultoria, avalia ainda que o aumento em volumes vendidos em relação a 2019, de cerca de 3%, demonstra que a indústria possa ter equilibrado melhor os preços. No geral, a GS avalia que o prognóstico para a Páscoa, com as compras antecipadas, é positivo.
Preparativos
Nas fábricas da Lacta, o planejamento da Páscoa leva cerca de 18 meses. A produção foi iniciada em 17 de outubro e tinha previsão para ser encerrada nesta segunda, 21 de fevereiro. Para dar conta da demanda deste ano, foram contratadas 500 pessoas para trabalho temporário, com contrato de duração de seis meses. Destes, 83% dos contratados são mulheres e há chance de efetivação. O número de contratações foi estável em relação a 2021, mas a expectativa é de alta de vendas.
"Após dois anos de pandemia, esse ano será o primeiro em que as famílias estão se reencontrando para almoços, comemorações, assim como as empresas, levando a tradição de amigos doces e presentes em formas de chocolate. Com isso, a previsão é de um aumento de 10% (no volume de vendas)", afirma a Mondelez, dona da marca, em nota.
Em 2021, a Lacta diz ter tido a melhor Páscoa dos últimos 10 anos, com quase toda a produção vendida. Para isso, a empresa apostou em iniciativas digitais. Em 2019 o comércio digital representou 3% do total das vendas de Páscoa e, em 2021, chegou a 12%. Neste ano, a empresa segue acreditando que a via digital será bem-sucedida.
Preço
Para Alampi, da GS, com preços altos, a população de mais baixa renda pode fazer trocas, preferindo barras de chocolate e bombons em vez dos ovos. No entanto, para públicos de mais alta renda, a diferença de preços não deve causar tantas mudanças nos hábitos de consumo.
No caso da Lacta, os preços sugeridos da marca vão de R$ 32,90 a R$ 76,90, com diferentes propostas de tamanho e ingredientes. A empresa diz que houve reajustes de preço, mas não especifica o quanto.
"Com inflação de 10% (geral nos últimos doze meses) e considerando pontos como frete internacional e custo de commodities, tivemos que fazer um aumento de preços nos produtos de Páscoa", afirma a companhia. "Regionalizamos mais nossa estratégia de preço (...) O poder aquisitivo, da mesma forma que a inflação, foi afetado de maneira diferente nas várias regiões", diz a companhia.
No geral, no início do ano, os supermercados têm enfrentado perdas em volume de vendas. Sobre isso, o vice-presidente institucional da Associação Brasileira de Supermercados, Marcio Milan disse, na última semana, que os números de queda são fruto da comparação com um início de ano forte em 2021, quando o consumo em casa ainda era prioridade para muitos brasileiros, em função da pandemia. Recentemente, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) afirmou ter tido queda de cerca de 11% no volume de vendas no mês de janeiro.