Vendas no varejo do Brasil têm queda inesperada em maio
O varejo brasileiro registrou queda inesperada em maio, com fortes perdas nas vendas de vestuário e calçados, sinal de dificuldade de recuperação consistente da atividade econômica em meio ao cenário de fortes incertezas políticas.
As vendas no varejo registaram queda de 0,1 por cento em maio sobre o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,35 por cento na comparação com abril.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, o resultado também ficou bem abaixo do esperado ao subir 2,4 por cento, contra projeção de aumento de 3,20 por cento.
As vendas do setor de Tecidos, vestuário e calçados foram as que mais sofreram no mês, com queda de 7,8 por cento depois de avanço de 4,6 por cento em abril.
Caíram também as vendas de Livros, jornais, revistas e papelaria (-4,5 por cento); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,8 por cento); e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1 por cento).
"Enquanto a confiança não voltar a acelerar, o varejo vai continuar patinando, e isso depende muito do cenário político. Para junho também podemos esperar deterioração", disse a economista da corretora CM Capital Markets, Jessica Strasburg.
Por outro lado, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que têm peso importante no consumo das famílias, registraram alta de 1,4 por cento, segundo mês seguido de resultado positivo.
Já o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, teve queda nas vendas de 0,7 por cento sobre abril, segundo o IBGE.
Se por um lado a inflação em níveis historicamente baixos favorece o consumo, por outro o país sofre com forte crise política que vem abalando a confiança desde meados de maio.
O presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo crime de corrupção passiva com base nas delações de executivos da JBS, que vieram à público em meados de maio.
O temor dos agentes econômicos é de que o andamento da reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem, seja cada vez mais afetado no Congresso Nacional.
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