Vibra compra 50% da empresa de energia Comerc, avaliada em R$ 4 bilhões
Antiga BR Distribuidora, agora sem a Petrobras como sócia, dá passos para diversificar portfólio para além dos combustíveis; negócio 'atravessa' planos de IPO da Comerc
A Vibra, ex-BR Distribuidora, "atravessou" a oferta de ações (IPO, na sigla em inglês) da Comerc Energia e conseguiu ficar com 50% da maior comercializadora de energia, disseram fontes com conhecimento do assunto. No negócio, a Comerc foi avaliada acima dos mais de R$ 4 bilhões esperados para o IPO, considerando o piso da faixa indicativa de R$ 16,87. A oferta havia sido fechada na noite de quinta-feira, 7, com os fundos que já tinham ficado com mais de 80% da oferta.
A transação envolve a emissão de R$ 2 bilhões em debêntures conversíveis em ações pela Comerc a serem subscritas pela Vibra. As fontes acrescentam que a expectativa é de que essa conversão ocorra no ano que vem.
A Vibra, que tem Wilson Ferreira em seu comando, figura bastante conhecida no setor (e ex-presidente da Eletrobras), vinha conversando com os executivos da Comerc, onde está André Dorf, igualmente com trânsito no segmento, desde antes do lançamento do IPO. De acordo com fontes, o anúncio da oferta de ações acelerou a decisão da Vibra e inclusive teria sido o motivo para que a operação se desse por meio de debêntures conversíveis.
A Vibra contou com a assessoria financeira do Santander, que não fazia parte do sindicato de bancos que coordenava a oferta de ações. O IPO foi coordenado por Itaú BBA (líder), além de BTG Pactual, Credit Suisse, XP e Citi. Os fundos Atmos, Verde Asset e Vinci Equities, além da Núcleo Capital, BC Gestão de Recursos, Itaú Unibanco, Truxt Investimentos e Neo Gestão de Recursos haviam sinalizado que ancorariam a oferta.
Com o aporte da Vibra, a Comerc deve dar vazão aos planos de investimento em seus projetos, uma vez que atualmente a companhia não tem praticamente nenhuma de suas usinas em total funcionamento.
Vocação sustentável
A Comerc tem destacado para os investidores sua vocação sustentável, uma vez só opera com energia limpa. Os recursos que seriam captados no IPO tinham como destino seis projetos de energia solar e em dois eólicos.
Além disso, 11% do total devem ir para investimentos em geração distribuída na área de concessão da Cemig, a empresa de energia elétrica do Estado de Minas Gerais. A Comerc tem 16% do mercado, com 1,2 mil clientes e presta serviços para grupos como Ambev, BRF, Whirlpool e Klabin.
A Comerc tem recebido aportes de outras empresas. Recentemente recebeu uma injeção de R$ 200 milhões da Perfin, que passou a ter participação de 20% na companhia. A nova sócia fez o aporte por meio da Perfin Mercury, que controla a Mercury Renew, empresa focada em renováveis.