Ex-atendente compra cafeteria do patrão, supera pandemia e planeja: "Só penso em crescer"
Baiana, Márcia Miranda se mudou para São Paulo há quase 20 anos em busca de emprego; hoje, é dona de uma franquia de café
Márcia Miranda, de Camaçari, Bahia, tornou-se dona de uma cafeteria em São Paulo após comprar o negócio em meio à pandemia, superando dificuldades financeiras e hoje colhendo os frutos do crescimento.
Quando chegou em São Paulo, aos 23 anos de idade, Márcia Miranda estava em busca de um emprego, devido à falta de trabalho em sua terra natal, Camaçari, na Bahia. Hoje, 18 anos depois, afirma com orgulho que se tornou dona de uma cafeteria em que ela mesma trabalhava como atendente.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
"Não tem coisa melhor do que você trabalhar para si mesmo, não trabalhar para os outros. Eu recebo cobrança, mas de outra forma. E é muito bom. E eu só penso em crescer, abrir mais outra, outra e outra", conta.
A mudança de empregada para dona veio de um mix de impulso e coragem. Durante a pandemia de covid-19, o então patrão de Márcia na loja da Grão Espresso, no Shopping Center Lapa, na capital paulista, decidiu que iria por o negócio à venda, devido à baixa no movimento. Ela viu ali uma oportunidade.
Conversou com o marido, que de pronto soltou: "Vamos comprar?".
"Mas como vamos comprar? Porque, até então, a gente era funcionários. Eu trabalhava como atendente, ele na Coca-Cola. E aí, a gente pegou muitos empréstimos, eu não tenho nem noção de tantos empréstimos", relembra.
A franquia custou ao casal o valor de R$ 180 mil, com tudo o que tinha dentro. Mas só de juros, a empreendedora estima ter gasto cerca de R$ 300 mil. O carro que Márcia e o marido tinham acabou indo junto na negociação.
Por isso, nos primeiros anos à frente da loja, ela saía de sua casa, em Osasco, para o shopping na Lapa usando transporte público.
"É um ônibus só. De metrô também é bem rápido, mas eu pego um ônibus só na porta da minha casa, fico aqui perto, desço aqui no ponto da Lapa, que é bem pertinho, cinco minutos", diz.
Retornos financeiros
O investimento, sem sombra de dúvidas, valeu a pena. Márcia e o marido já quitaram as prestações dos empréstimos que fizeram e este mês compraram um carro à vista. Para chegar nesse resultado, a empresária conta que foram quatro anos trabalhando no vermelho. "A gente não via nada do dinheiro, só pagando contas", afirma.
"Foram quatro anos andando de ônibus. Não é fácil, viu? Correndo atrás de ônibus. E Deus deu essa bênção para gente", conta, ao comemorar a compra do novo carro.
O negócio, que quando era tocado pelo ex-patrão de Márcia tinha vários funcionários, se tornou familiar. Na loja, o marido e suas duas filhas mais velhas ajudam no atendimento aos clientes. Os dois menores estão focados nos estudos. Por mês, a equipe de Márcia garante um faturamento médio de R$ 50 mil a R$ 60 mil.
Para dar conta do negócio juntos, sem ajuda de funcionários contratados, a rotina é intensa.
"Eu saio de casa às 6 horas da manhã, chego em casa às 10 horas da noite. Então, é mais trabalho, é mais responsabilidade, é mais cobrança", diz Márcia, ao comparar com a rotina que levava enquanto funcionária da loja.
A intensidade de seus dias, porém, não a assusta em nada. Ela, aliás, já pensa em expandir seu negócio.
"A gente já está vendo outros negócios também. A gente sempre pensa em comprar mais coisas, porque a família é grande, né? Três meninas, um menino…", acrescenta.