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Veja como fazer de sua empresa um playground corporativo

2 mar 2014 - 20h33
(atualizado em 3/3/2014 às 09h47)
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No livro “Pixar: Lições do playground corporativo mais criativo do mundo”, os consultores norte-americanos Bill Capodagli e Lynn Jackson chamam a atenção para um erro cometido por várias empresas: a fixação por resultados de curto prazo faz com que a gerência foque padrões irrealizáveis de produção, o que resulta na desmoralização da mão de obra, muitas vezes causando declínios ainda maiores na produtividade. Por isso, o conceito de “playground corporativo” vem ganhando cada vez mais espaço.

A ideia é transformar o local de trabalho em um ambiente confortável, para deixar o funcionário à vontade e estimular a criatividade e a inovação. O modelo já é adotado em grandes empresas, como Google e Pixar, mas será que pode ser implementado em pequenas e médias empresas que não trabalham com entretenimento? Segundo o consultor Eduardo Farah, a resposta é sim.

Farah é dono da Clarear, consultoria paulistana especializada no atendimento a pequenas e médias empresas, e afirma que é possível, sim, aplicar o conceito em empreendimentos desse porte, mas antes é preciso saber se o dono da empresa está aberto para refletir sobre a gestão do negócio e definir quais são seus objetivos. “Muitas vezes é um autoengano. Ele não quer gerar um ambiente melhor, só quer ganhar mais dinheiro”, afirma Farah.

Se o empreendedor de fato quiser criar um ambiente de trabalho mais agradável, precisa saber qual é a melhor forma de fazer isso, e para tanto deve conhecer bem seus funcionários, o perfil da empresa e seus objetivos. “Às vezes, oferecer um bom café da manhã pode ser a solução”, sugere Farah.  Basta usar a criatividade: um pequeno jardim, um cantinho zen, um lugar para uma soneca, uma cafeteria, um videogame ou até mesmo um local para acessar a internet. “Mas de nada adianta fazer um espaço desses e ficar cronometrando o tempo que o funcionário gasta lá”, explica Farah. Neste caso, o resultado pode ser inverso, alerta o consultor. 

A forma como a empresa lida com a gestão do tempo no ambiente de trabalho, aliás, é uma questão fundamental para avaliar se vale a pena adotar o conceito de playground corporativo. “A empresa tem de estar disposta a ‘doar’ o tempo para que o funcionário fique mais contente e trabalhe melhor. É preciso entrar na cultura das organizações que isso não é perda de tempo, mas qualidade de vida”, afirma o consultor Fernando Belatto, também da Clarear. Belatto

Academia e artes marciais

Um exemplo de empresa de médio porte que implantou medidas para tornar o ambiente de trabalho mais agradável é a Gimba, empresa paulistana do ramo de papelaria e materiais para escritório. Ricardo Zaminotto, diretor-geral e proprietário da empresa, conta que depois de adotar mudanças na gestão que priorizam o bem-estar dos funcionários, houve um aumento na produtividade de seus vendedores e uma diminuição significativa da rotatividade de empregados. “Não adianta cobrar resultado de um funcionário estressado e descompromissado”, afirma o empresário.

Zaminotto construiu uma academia dentro da companhia que funciona das 6h às 8h, das 12h às 14h30 e das 18h às 20h30. Os horários foram pensados para não interferir no expediente dos funcionários.  Todos os empregados pagam um valor simbólico para usá-la e ajudar nos gastos com manutenção. “O valor é conforme o salário”, explica o empresário. Segundo ele, o colaborador que recebe mais, paga, no máximo, R$ 100.

Além da academia, a Gimba também oferece uma aula de artes marciais por semana para melhorar o desempenho de seus funcionários. O programa “Despertar do Guerreiro Interno” foi criado por Fernando Belatto e usa técnicas de artes marciais que ajudam os empregados a manter o foco no trabalho e cumprir suas metas.

Zaminotto faz questão que a atividade – que dura uma hora – seja realizada no horário de trabalho. “Sim, a gente perde um hora de tempo de trabalho, mas ganhamos em rendimento (resultados de vendas)”, analisa o proprietário. Ele explica que seria inviável colocar a atividade antes ou depois do horário laboral, pois alguns funcionários estudam depois do expediente, outras têm dupla jornada como mães e todos dependem de um transporte público de má qualidade, o que torna o deslocamento ainda mais complicado. “Os funcionários têm a liberdade e a responsabilidade de saber se podem parar para fazer a atividade. Nunca tive de pagar hora-extra. Muito pelo contrário”, afirma o empresário.

Esse é o espírito que deve orientar o empreendedor, acredita Farah. Segundo ele, é preciso “sair da caixa” e chamar seu funcionário para a responsabilidade e confiar no trabalho que lhe foi delegado. “Funcionário feliz rende mais. Não importa o como, mas sim o resultado”, finaliza Belatto.

Falta de espaço

Nem todas as pequenas e médias empresas têm espaço físico suficiente para abrigar uma academia ou aulas de artes marciais, mas isso não é desculpa se o proprietário quiser implantar programas para tornar o cotidiano de trabalho mais agradável.  “O empresário pode fazer uma parceria com uma academia perto de seu estabelecimento”, sugere Farah.

Mesmo uma empresa de poucos metros quadrados pode pensar em atividades para os funcionários. “Pode-se fazer ginástica laboral ou meditação, por exemplo. É uma tendência que ajuda a reter bons funcionários que querem algo além de um bom salário”, acredita Zaminotto. “Um espaço onde cabe um tapetinho de ioga no chão já é o suficiente”, afirma Belatto.

Fonte: PrimaPagina
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