Voltaremos a discutir medidas fiscais em "dois ou três meses" se necessário, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que a área econômica do governo voltará a discutir medidas fiscais se concluir que é necessário em "dois ou três meses".
"Se dali a dois ou três meses, nós identificarmos riscos para essa trajetória, nós vamos ter que voltar para a mesa para verificar quais ajustes terão que ser feitos para manter essa trajetória", disse o ministro em entrevista à Rede Record ao ser questionado se o governo cortou todos os gastos que conseguiria ou se os cortes ainda podem ser revisados no futuro.
O mercado aguardou com ansiedade o anúncio do pacote de controle de gastos desde antes das eleições municipais em outubro e as expectativas sobre o conteúdo das medidas têm afetado os ativos brasileiros nas últimas semanas.
Desde que o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, confirmou notícias da mídia de que a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais mensais estava em discussão no governo, o dólar engatou uma série de recordes históricos e o Ibovespa registrou sua pior semana desde setembro nesta sexta-feira.
Questionado se ter anunciado o aumento da faixa de isenção do IR junto com as propostas fiscais foi responsável pelo estresse do mercado, Haddad lamentou o vazamento das medidas antes do momento certo, o que, segundo ele, provocou leituras equivocadas que misturara os dois temas.
O ministro frisou que casos de estresse no mercado como esse são causados por ruídos, que dependem de esclarecimentos ao longo do tempo e não são desfeitos de forma instantânea. "Por que o dólar recuou hoje? Em função das explicações que foram dadas", afirmou, referindo-se a um momento de recuo das cotações.
Haddad destacou indicadores positivos, como o atual ritmo de crescimento econômico e o baixo índice de desemprego, mas reconheceu que a inflação está "saindo um pouquinho do trilho" e apontou as pressões inflacionárias sobre os preços dos alimentos, principalmente as carnes, como ponto de preocupação do governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu mais do que o esperado em novembro uma vez que o aumento dos preços de alimentos compensou a moderação nos custos da energia elétrica. O IPCA subiu 0,62% em novembro, de uma alta de 0,54% em outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento dos preços da alimentação no domicílio acelerou de 0,95% para 1,65% em novembro, sob peso de óleo de soja (8,38%), tomate (8,15%) e carnes (7,54%).