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Votorantim vai entrar na disputa para avançar em energia e infraestrutura

Após vender sua fatia na Fibria por R$ 8,2 bi, grupo da família Ermírio de Moraes busca se consolidar em segmentos com geração de caixa garantida; também pretende investir na internacionalização da área de cimento, que retomará projeto de abrir capital

3 abr 2019 - 04h10
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O grupo Votorantim, da família Ermírio de Moraes, vai entrar na disputa por negócios de energia e infraestrutura disponíveis no mercado. O conglomerado, que atua em áreas que vão de cimento à produção de suco de laranja, está mais capitalizado - embolsou no início do ano R$ 8,2 bilhões com a venda do controle da gigante de celulose Fibria para a Suzano - e busca se consolidar em segmentos com geração de caixa garantida.

Em outubro, a empresa de energia do grupo arrematou em leilão o controle da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) com o fundo canadense Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) - uma aposta na área de geração. "Participamos ativamente de importantes negócios colocados à venda nos últimos meses", disse na terça-feira Sérgio Malacrida, diretor financeiro da Votorantim S/A.

Segundo ele, a decisão do conglomerado de avançar no setor de energia está madura. Em infraestrutura, a Votorantim está avaliando participar de concessões de rodovias e aeroportos e também de negócios na área de saneamento.

Para o grupo, são segmentos bastante seguros. "Encaramos as áreas de energia, infraestrutura e mercado imobiliário como ativos de renda fixa", afirmou.

Segundo Malacrida, esses setores são complementares à divisão de cimento, um dos principais negócios do grupo e que responde por mais de um terço do faturamento do conglomerado.

No início do ano, a família fez um aporte de capital de R$ 2 bilhões nesta divisão para reduzir o endividamento do negócio.

O executivo Marcelo Castelli, ex-presidente da Fibria, foi anunciado como novo presidente dessa divisão de negócio. A cimenteira também redefiniu as prioridades - está saindo de operações de países emergentes, como Peru, Índia e China, para se concentrar suas operações em países maduros.

O grupo não descarta, nos próximos meses, abrir o capital desta divisão de negócios, estratégia que estava nos planos desde 2013. "Temos a intenção de retomar os planos de internacionalização do cimento, mas o foco é crescer em países mais maduros", disse Malacrida.

Mudanças

A estratégia de crescimento da companhia passa a ser capitaneada por Eduardo Vassimon, que até o ano passado era presidente do Itaú BBA. Ele vai substituir a partir de maio Raul Calfat, homem de confiança dos Ermírio de Moraes, na presidência do conselho de administração da Votorantim S/A.

O grupo encerrou o ano passado com faturamento de R$ 31,9 bilhões, crescimento de 19% sobre 2017. O lucro subiu 141% no período, para R$ 1,95 bilhão. Foi o melhor resultado do conglomerado desde 2007.

Com o caixa reforçado também por esses ganhos, o conselho de administração da companhia também aprovou o pagamento de R$ 1,4 bilhão de dividendos aos acionistas, o dobro da média que é distribuída por ano. Em 2017, o conglomerado havia suspendido o desembolso por conta dos resultados fracos.

Para este ano, o grupo planeja investir cerca de R$ 3,5 bilhões - crescimento de 35% em relação ao ano anterior. Boa parte desses recursos, contudo, não será destinado a novas fábricas, mas para a modernização de unidades de cimento. Uma parcela irá para a nova unidade da divisão de metais do grupo em Mato Grosso, a Nexa.

Estadão
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