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FHC: falar na Internet é como fazer um comício calmo

A primeira entrevista do presidente da República na Internet, concedida aos portais Estadão e Terra, na última quarta-feira, foi considerada “uma experiência fascinante” por Fernando Henrique Cardoso. O presidente, que participou nesta terça-feira, dia 13, do Fórum Mundial de Editores, no Rio de Janeiro, contou a experiência a uma platéia formada por jornalistas de vários países. “No momento em que eu falava, havia 20 mil internautas conectados”, comentou, se referindo ao fórum de discussão ocorrido durante a entrevista.

Aproveitando a presença do prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, o presidente brincou: “O prefeito Conde sabe o que significa 20 mil pessoas para nós, políticos, é quase um comício, um comício calmo.” Na opinião do presidente, o mundo caminha “para sistemas ainda mais revolucionários” em termos de tecnologia da informação, “criando condições para uma cidadania global.”

Fernando Henrique ressaltou, porém, que nem todos os efeitos da globalização são integradores. “Não sabemos o que vai prevalecer, mas também no Renascimento havia dúvida sobre o futuro”, afirmou. O
presidente ressaltou a importância dos meios de comunicação, dizendo que “discurso sem mídia não mobiliza o público.” Fernando Henrique defendeu que a mídia divulgue o maior número possível de informações e citou o exemplo da transmissão ao vivo do seqüestro de onze reféns presos em um ônibus por um bandido, na tarde de quarta-feira, na zona sul do Rio. O episódio terminou com o seqüestrador e uma refém mortos.

“A mídia tem que mostrar o que está acontecendo, senão estará ajudando a perpetuar enganos”, afirmou. “Ontem (segunda-feira), assisti às cenas na televisão, é preciso mostrar claramente, e depois a sociedade vai dizer quem acertou ou errou.” Para o presidente, o País não deve ter “pruridos de que vão falar mal”.

Também as cobertura da imprensa sobre as manifestações realizadas nas últimas reuniões internacionais sobre economia mundial, especialmente em Seattle, foi defendida pelo presidente. “A mídia mostrou com clareza o que aconteceu, mostrou os protestos e como os grupos se organizam, que há um treinamento para o protesto, o que não os desqualifica.”

Fernando Henrique lembrou que havia vários pontos de vista diferentes sendo defendidos nas manifestações recentes que ocorreram no exterior. “Uns são contra a globalização, o lobisomem do mundo contemporâneo, outros contra investimentos em países em desenvolvimento”, lembrou. O público, disse, se informa e depois toma decisões a respeito dos diversos assuntos.

O presidente disse ainda acreditar que a proposta de participação de investimentos estrangeiros nos meios de comunicação no Brasil, no limite de 30%, será aprovado sem grandes modificações no projeto. Questionado se é a favor da idéia, Fernando respondeu: “Não vetarei.”.

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