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Monica Buonfiglio
COLUNA DA MONICA
Quarta-feira, 17 de novembro de 2004
A Escola de Anjos e os vinte minutos de poder

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Uma lenda hebraica conta que há muito tempo atrás, no céu, existia uma escola preparatória de anjos. Naquele tempo, os aprendizes anjos passavam por um estágio, que consistia em visitar, em duplas, a Terra para fazer o bem. No final de cada dia, apresentavam ao anjo professor um relatório das ações praticadas.

Certa ocasião, dois anjos estagiários, após procurarem por todos os cantos alguém que necessitasse de ajuda e não encontrando ninguém, resolveram regressar ao céu, pois não haviam conseguido praticar nenhum salvamento. Mas, eis que dois homens apareceram caminhando por uma trilha. Um dos anjos, disse ao outro: - Tive uma idéia! Que tal conceder a estes dois lavradores "vinte minutos de poder" para ver o que irá acontecer?

O outro respondeu: - Você ficou maluco? O anjo professor não vai gostar nada disto! O primeiro retrucou: - Que nada, acho que nosso professor irá gostar! Depois, contaremos à ele. Tocaram com suas mãos invisíveis as cabeças dos lavradores e passaram a observá-los. Os dois homens se separaram, e seguiram por caminhos diferentes. Depois de algum tempo caminhando, um deles avistou um bando de pássaros voando em direção à sua lavoura. Passando a mão na testa suada disse: - Por favor meus passarinhos, não comam a minha plantação! Preciso que esta lavoura cresça e produza, pois é dela que tiro o meu sustento.

Naquele momento, para seu espanto, a lavoura cresceu em questão de segundos, pronta para ser colhida. Assustado, esfregou os olhos e pensou: "Devo estar cansado". Acelerando o passo, acabou tropeçando sobre seu porco que havia fugido do chiqueiro. Mais uma vez, esfregou a testa e disse: - Meu porquinho! Você fugiu de novo! A culpa é minha, ainda vou construir um chiqueiro decente para você.

Novamente, algo mágico ocorreu: o chiqueiro se transformou em um local limpo e acolhedor. Esfregou os olhos novamente, apressou mais seus passos e pensou: "Estou muito cansado!" Ao chegar em casa, abriu porta, mas a tranca que estava pendurada caiu sobre sua cabeça. Ele tirou o chapéu, passou a mão no galo que se formou na cabeça e disse: - De novo? O pior é que não aprendo! Também, não tem sobrado tempo... Mas hei de ter dinheiro para construir uma grande casa e dar um pouco mais de conforto para minha mulher.

Naquele instante, a humilde casinha se transformou em uma mansão. Sem entender o que estava acontecendo, certo que tudo não passava de um sonho, ele se jogou numa enorme poltrona que estava à sua frente, e dormiu profundamente. Alguns minutos depois, ouviu alguém pedindo socorro: - Compadre! Me ajude! Estou perdido! Ainda sonolento, levantou-se rapidamente. Tinha em sua mente, imagens de um sonho fantástico. Quando abriu a porta, encontrou o amigo lavrador em prantos. Perguntou o que havia acontecido e ouviu a seguinte história: - Compadre, nós nos despedimos no caminho e eu segui para minha casa.

Aconteceu que, poucos passos adiante, vi um bando de pássaros voando em direção a minha lavoura. Isto me deixou revoltado e gritei: - Vocês de novo atacando minha lavoura! Tomara que seque tudo e vocês morram de fome! Naquele momento, a lavoura secou e todos os pássaros morreram diante dos meus olhos!

O que ouvia atentamente, tentou confortá-lo, dizendo que tivera o mesmo sonho, mas o outro continuou: - Devo estar cansado e apressei o passo. Andei mais um pouco e tropecei no meu porco que havia fugido do chiqueiro. Fiquei muito bravo e gritei mais uma vez: - Você fugiu de novo? Por que não morre logo e deixa de me dar trabalho? O outro com os olhos arregalados exclamou: - E ai? O que aconteceu, Deus do céu?

- Compadre, não é que o porco morreu ali mesmo, na minha frente? Eu acreditei que estava vendo coisas e andei mais rápido. Quando ia entrar em casa, a tranca da porta caiu na minha cabeça. Como já estava com raiva, gritei novamente: "Esta casa, caindo aos pedaços, por que não pega fogo logo e acaba com isto de uma vez?

O outro tentou interrompe-lo, mas o amigo continuou: - Minha casa pegou fogo! Foi tudo foi tão rápido que eu não consegui salvar nada! Ele começou a chorar sendo amparado pelo amigo que o ouvia. Observou que a casa estava diferente e perguntou: - De onde veio esta mansão? Depois de observarem, os dois anjos voaram para a escola, e assim, contar ao anjo professor o que havia acontecido. Na verdade, estavam apreensivos pelo resultado negativo do segundo lavrador.

Ouvindo com muita atenção, o mestre parabenizou os dois pela idéia brilhante que tiveram. Resolveu então, decretar que, a partir daquele dia, todo ser humano teria "vinte minutos de poder" no decorrer do dia ou da noite, mas ninguém saberia quando estes "vinte minutos de poder" estariam acontecendo. E agora? Os próximos "vinte minutos de poder" serão seus?

Monica Buonfiglio

 
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