Quarta-feira, 23 de março de 2005
A Páscoa e Jesus no Templo
A palavra Páscoa deriva do aramaico Pasha, do hebraico Pesah (Pessach - dança cultual) e refere-se a passagem do Sol pela constelação do carneiro (ou Lua) no seu ponto mais alto. A origem da celebração da Páscoa remonta antes mesmo de Moisés, festejada por pastores e posteriormente por israelitas. Na Bíblia, Pesah indica "festa". Mais tarde, a "Festa do Ázimo" ficou unida com a Páscoa. Ambas as festas caíam na primeira Lua cheia da primavera, lembrando o Êxodo (conforme a tradição, este evento ocorreu na primavera). Os ritos das festas estavam relacionados com os acontecimentos do Êxodo. A Páscoa era celebrada no primeiro mês chamado Abib. Mais tarde, foi chamado Nizan (março ou abril). O "Dia da Páscoa" tem o sentido de fortificar os laços familiares além da solidariedade. Segundo o costume judaico, todos os anos, os fiéis dirigiam-se a Jerusalém para a festa de Páscoa, o Pesah, que comemora o fim do período de escravidão dos hebreus no Egito. José e Maria participavam todos os anos dessa festividade. Quando Jesus completou doze anos, foram até lá, segundo o costume do dia. Aos doze anos, a cultura judaica fixava os critérios orientativos para estabelecer a idade madura, ou seja, "a obrigação de observar o Torá, a lei de Moisés e oficialmente ser admitido na comunidade". Eram muitos grupos de fiéis que andavam, cantavam e rezavam. As mulheres iam separadas dos homens; as crianças escolhiam ficar com os pais ou com as mães. Maria, por sua enorme devoção, acompanhou José e Jesus, embora as mulheres não fosse obrigadas a participar das festividades. A família chegou ao templo, onde permaneceu naquele dia de festa. Terminadas as comemorações, regressaram para casa. O menino, porém, ficou em Jerusalém, sem que os pais soubessem. Pensando que ele se encontrava na caravana, José e Maria chegaram a percorrer um dia de viagem de retorno, quando começaram a procurá-lo entre parentes e conhecidos. Não tendo encontrado o filho, voltaram imediatamente a Jerusalém. Eles reviraram a cidade, indo às casas de conhecidos e parentes, por mais distantes que fossem. Passados três dias e perdendo as esperanças, encaminharam-se para o Templo. Lá chegando, viram um grupo de pessoas discutindo. Aproximaram-se e perguntaram se alguém teria visto um rapaz que estivesse perdido. Avistaram então Jesus no centro do grupo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos ficaram admirados com o discernimento que Ele demonstrava ao responder as perguntas sobre os mais variados assuntos. Maria, ao vê-lo - e contrariando os costumes que proíbem a aproximação de mulheres no Templo junto aos homens, na frente de todos, disse-lhe: "Filho, por que nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos a tua procura". Jesus, com a mesma calma que falava, levantou-se, despediu-se dos doutores e, abrindo o círculo de pessoas que o rodeavam, foi até sua mãe. Ele respondeu-lhe: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar na casa de Meu Pai?". Depois, em silêncio, empreenderam o regresso, voltando a Nazaré, onde Jesus era-lhes submisso. Existe uma ligação espiritual entre a "Apresentação do Templo" e o episódio da "Perda de Jesus e reencontro no Templo". Jesus revela, no segundo episódio, sua verdadeira identidade: é filho legal de José, mas a paternidade é divina, e portanto, a que deve prevalecer acima de tudo.
Monica Buonfiglio
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