Quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006
Conheça os orixás Nanã e Oxumaré
Nanã (originariamente néné/nana/Nanã) Dia da semana: terça-feira Cores: lilás ou branco rajado de azul Saudação: Saluba Nanã! ("Dona do pote da Terra!") Elementos: água e terra (lama) Domínio: lama e pântanos Instrumento: ibiri (espécie de bengala) Nanã-Buruku (iku, "morte") é um orixá feminino de origem daomeana que foi incorporado há séculos pela mitologia iorubá, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé, assimilando sua cultura e incorporando alguns dos orixás dominados por sua mitologia já estabelecida. Nanã teria o mesmo posto hierárquico de Oxalá ou até mesmo de Olorum. No Daomé, era apresentada como orixá masculino ou assexuado, pai ou mãe de todas as coisas, seres e orixás. Nanã é sempre associada à maternidade. E um dos orixás mais velhos da água que, associado às águas do céu e à lama, teria o poder de dar vida e forma aos seres humanos. Seu elemento é a lama do fundo dos rios. Ela é a deusa dos pântanos, da morte (associada à terra, para onde somos levados após a morte) e da transcendência. É uma figura muito controvertida no panteão africano: ora perigosa e vingativa, ora pateticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido. Os seus adeptos dançam devotando-lhe muito respeito. Seus movimentos lembram o andar de uma senhora idosa, com passos lentos, o corpo curvado para a frente e apoiado no ibiri. É considerada a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos, entre eles, Oxumaré. Oxumaré Dia da semana: terça Cores: amarela (renovação) e verde (transformação) Saudação: Arruboboi! ("contínuo") Elementos: ar e água Domínio: arco-íris e cobra Instrumento: serpente Orixá andrógino, sua função principal é a de dirigir as forças que produzem movimento, ação e transformação. Por ser bissexual, tem uma natureza dupla; é representado na mitologia daomeana por uma cobra e o arco-íris, que significam a renovação e a substituição. Durante seis meses é masculino, representado pelo arco-íris, tendo como incumbência levar as águas da cachoeira para o reino de Oxalá no orum (céu). Depois, nos outros seis meses, Oxumaré assume a forma feminina. Nessa fase, teria a forma de uma cobra que vez ou outra se transforma em uma linda deusa chamada Bessém. A dualidade de Oxumaré faz com que ele carregue todos os opostos e antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo etc. Como uma cobra, morde a própria cauda, formando o símbolo ocidental do Ouroboros, gerando um movimento circular contínuo que representaria a rotação da Terra e o próprio movimento incessante dos corpos celestes no espaço. Nas lendas, aparece sempre como filho de Nanã e Oxalá. No Brasil, seus iniciados usam o brajá, um longo colar de búzios trabalhados de maneira a parecerem as escamas de uma serpente. Durante sua dança, o iaô aponta os dedos para cima e para baixo alternadamente, indicando os poderes do céu e da terra. Em algumas regiões é cultuado como o deus da riqueza, simbolizado por uma grande cunha entre seus apetrechos de culto.
Monica Buonfiglio
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